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Mielopatias Compressivas
11/11/2012
Publicado por: administrador

 

texto de Diego Ortega dos Santos

 

 

Uma das divisões úteis para o estudo e para a prática clínica de doenças medulares é em patologias compressivas e em não-compressivas, sendo esta mais simples e prática se comparada à divisão por sintomatologia baseada no sítio de acometimento e nos sintomas específicos, bem como mais precoce no desenvolvimento da doença. É essencial ser ágil nas decisões diagnósticas e terapêuticas para reduzir a morbidade do paciente, não raramente muito alta. Assim, precisa-se primeiramente excluir quaisquer causas compressivas, que exemplificaremos mais abaixo. Para isso teremos em mente o seguinte: na maioria dos casos, qualquer sintoma paralítico é precedido por dor nas costas ou no pescoço, distúrbios vesicais e sintomas sensoriais. A exceção para esse raciocínio são as hemorragias epidurais e espinais, que mais frequentemente não se comportam dessa forma.

Neoplasias

Praticamente todos os tumores humanos podem fazer metástase para os ossos da coluna, e assim podendo comprimir a medula adjacente. Os mais comuns e que geralmente atingem a extensão torácica são os cânceres de mama, pulmão, rim, os linfomas e as discrasias de células plasmáticas. Os de próstata e ovário também são comuns, mas provavelmente atingirão as vértebras sacrais ou lombares. A sintomatologia costuma ser aberta com dor localizada e “pontuda”, podendo radiar inespecificamente e geralmente piorando com movimento, tosse, espirro etc, sendo capaz de acordar o paciente no meio da noite. Dessa forma, qualquer caso de dor nas costas ou pescoço que seja persistente merece ter como diagnóstico diferencial uma metástase, até porque casos com dor leve ou inexistente são muito raros. Caso a suspeita seja levantada em um paciente já comprometido por paralisia, um exame de imagem (ressonância magnética idealmente) deve ser solicitado imediatamente. Caso os sintomas ainda não sejam medulares, conseguir imagens em até 48 horas. Diante de um resultado positivo, rastrear outros sítios metastáticos, inclusive na própria coluna vertebral, pois 40% dos pacientes com comprometimento em um nível têm um assintomático em outro

Abcessos epidurais

 

Costumam surgir diante de comprometimento imune, abuso de drogas injetáveis e infecções. A última causa têm dois terços de sua origem em infecções cutâneas, de tecido mole (levar em conta o abscesso dental) ou de vísceras (como a endocardite infecciosa), tudo por difusão hematológica. O um terço restante é de infecções subdurais localizadas e adjacentes via escaras, punções, cirurgias e anestesias. Tais dados são americanos; não levam em conta, assim, a prevalência e a importância do Mal de Pott no Brasil e especialmente no Ceará. Os sintomas são febre, fraqueza progressiva dos membros e dor moderada no dorso, sendo que esta pode anteceder os demais sintomas em até duas semanas, na maioria dos casos. Outros coroamentos incluem leucocitose, elevada hemossedimentação e altos níveis de PCR. O diagnóstico e o tratamento precisam ser imediatos, pois é possível prevenir lesões medulares com enorme sucesso. Para isso, a ressonância magnética é essencial, e a punção lombar só recomendada diante dos 25% de casos em que encefalite ou meningite estão associadas.

Hematomas epidurais

 

De menor importância, provêm de terapias anti-coagulativas ou distúrbios genéticos equivalentes, de traumas, de tumores lesionados e, raramente, punções ou anestesias. Os sintomas diferencias incluem dor aguda e manifestações neurológicas variáveis.

Hematomielia

 

Causa raríssima de mielopatia aguda transversa, trata-se de um sangramento diretamente na substância medular. Pode ser fruto de trauma, mal-formações anatômicas, poliarterite nodosa, lúpus eritematoso sistêmico, distúrbios coagulativos ou neoplasias da medula.

 

fonte: Harrison's Principles of Internal Medicine, 18th edition