Cromoblastomicose
Autor: João Victor Sousa Ferreira
________________________________________________________________________________________________________________________________________
Introdução
É uma doença fúngica crônica de aspecto polimorfo de natureza granulomatosa e supurativa limitada à pele e ao tecido subcutâneo. A doença é mundialmente distribuída, mais observada nos países de regiões tropicais e subtropicais e predomina em homens, trabalhadores rurais, com idade entre 30 e 50 anos sem predileção por raça. Mãos, braços e nádegas são também frequentemente envolvidos, e relatos esporádicos de lesões nas orelhas, córnea, pescoço, rosto, seios, tórax e abdômen. Foi primeiramente descoberta no Brasil em 1920 por Pedroso e Gomes como uma dermatite verrucosa de origem infecciosa.
Etiologia
A dermatose parasitária é causa por uma variedade de fungos que apresentam produção e deposição constitutiva de melanina em sua parede celular. Os mais prevalentes são o Fonsecaea pedrosoi (clima úmido) e o Cladophialophora carrionii (clima semi-árido), além de Phialophora verrucosa, Fonsecaea compacta, Exophiala jeanselmei,Exophiala spinifera,Rhinocladiella aquaspersa.
Patogenia
A Cromoblastomicose se inicia com a inoculação de fragmentos de hifas e formas conidiais que penetram por trauma transcutâneo. Após a implantação dos fungos, observam-se lesões descamativas, depois pápulo-eritematosas que aumentam gradualmente, evoluindo para morfologias diversas como nódulos, tumores em forma de couve-flor e placas semelhantes à da psoríase. No avançar da doença, a disseminação pode ocorrer através de vasos linfáticos próximos à infecção inicial ou auto-inoculação no ato de coçar. As principais complicações advêm de infecções secundárias como linfedema e elefantíase, fatores de incapacitação (doença ocupacional). Os pontos negros são crostas sero-hemáticas, em que pacientes referem a dor do prurido como “agulhadas”.
A melanina produzida está associada à virulência e à patogenicidade. Em C. neoformans, essa substância protege as células fúngicas contra agentes oxidantes e também inibe respostas mediadas por células. A melanina pode interferir na ativação do sistema complemento e reduzir a susceptibilidade a agentes antifúngicos.
Diagnósticos diferenciais
Pode ser confundida com outras lesões cutâneas polimórficas: blastomicose, lobomicose, ceratoacantoma, prototecose, tuberculose, hanseníase, leishmaniose, micetoma, candidíase, bouba, sífilis terciária, paracoccidioidomicose, feohifomicose e HPV 6 e 11 (condiloma acuminado), neoplasias, esporotricose, sarcoidose, psoríase.
Tratamento:
Regime de tratamento |
Espécie (n = número de casos) |
Resposta à terapia |
Referência |
---|---|---|---|
1. C., Cladophialophora; F., Fonsecaea; P., Phialophora. |
|||
Itraconazol 200-400 mg uma vez por dia |
F. pedrosoi (n = 46) |
31% curado e 57% melhoraram |
Bonifaz et al. 6 |
F. pedrosoi (n = 30) |
A cura clínica e micológica em: 90% com doença leve / moderada, 44% com doença grave |
Queiroz Telles-et al. 17 |
|
Pulso terapia itraconazol 400 mg uma vez por dia durante uma semana mensal |
F. pedrosoi (n = 6) |
Cura após 12 meses (n = 4),> 50% de melhoria (n = 2) |
Ungpakorn & Reangchainam23 |
Terbinafina 500 mg uma vez por dia |
F. pedrosoi (n = 37) C. carrionii(n = 9) |
Marcado melhora clínica após 2-4 meses;83% de cura micológica após 12 meses |
Esterre et al. 16 |
F. pedrosoi (n = 3) P. verrucosa(n = 1) |
A cura clínica e micológica após média de 7 meses |
Bonifaz et al. 18 |
|
F. pedrosoi (n = 2) C. carrionii (n = 2) |
A cura clínica após 4-8 meses (37,5-60 g dose cumulativa) |
Xibao et al. 19 |
|
Itraconazol (200-400 mg uma vez por dia) e terbinafina (250-1000 mg uma vez por dia) a terapia de combinação |
F. pedrosoi (n = 4) |
A cura clínica e micológica em 3 casos, após média de 6 meses |
Gupta et ai. 24 |
Posaconazol 800 mg uma vez por dia |
F. pedrosoi (n = 6) |
Cure em 4 casos, após média de 269 dias |
Negroni et al.28 |
Crioterapia |
F. pedrosoi (n = 4) |
Cura após média de 3 sessões de crioterapia |
Bonifaz et al. 12 |
F. pedrosoi (n = 22) |
A cura clínica e micológica em 41%, e ainda mais cura clínica em 36% (média de 7 sessões, gama 1-22) |
Castro et ai. 13 |
Referências Bibliográficas
Cromoblastomicose: relato de 27 casos e revisão da literatura. Rafaela Teixeira Marinho Correia 1 Neusa Y. S. Valente 2 Paulo Ricardo Criado 3 José Eduardo da Costa Martins - (http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n4/v85n4a05.pdf)
Biology and pathogenesis of Fonsecaea pedrosoi , the major etiologic agent of chromoblastomycosis Andre L.S. Santos ´ 1 , Vanila F. Palmeira1,2, Sonia Rozental3 , Lucimar F. Kneipp4 , Leonardo Nimrichter1 , Daniela S. Alviano2 , Marcio L. Rodrigues1 & Celuta S. Alviano2. (http://femsre.oxfordjournals.org/content/femsre/31/5/570.full.pdf)
http://www.prppg.ufpr.br/redefungos/cromblastomicose.html