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Cromoblastomicose
04/12/2015
Publicado por: João Victor Sousa Ferreira

Cromoblastomicose

Autor: João Victor Sousa Ferreira

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Introdução

É uma doença fúngica crônica de aspecto polimorfo de natureza granulomatosa e supurativa limitada à pele e ao tecido subcutâneo. A doença é mundialmente distribuída, mais observada nos países de regiões tropicais e subtropicais e predomina em homens, trabalhadores rurais, com idade entre 30 e 50 anos sem predileção por raça. Mãos, braços e nádegas são também frequentemente envolvidos, e relatos esporádicos de lesões nas orelhas, córnea, pescoço, rosto, seios, tórax e abdômen.  Foi primeiramente descoberta no Brasil em 1920 por Pedroso e Gomes como uma dermatite verrucosa de origem infecciosa.

Etiologia

A dermatose parasitária é causa por uma variedade de fungos que apresentam produção e deposição constitutiva de melanina em sua parede celular. Os mais prevalentes são o Fonsecaea pedrosoi (clima úmido) e o Cladophialophora carrionii (clima semi-árido), além de Phialophora verrucosa, Fonsecaea compacta, Exophiala jeanselmei,Exophiala spinifera,Rhinocladiella aquaspersa.

Patogenia

A Cromoblastomicose se inicia com a inoculação de fragmentos de hifas e formas conidiais que penetram por trauma transcutâneo. Após a implantação dos fungos, observam-se lesões descamativas, depois pápulo-eritematosas que aumentam gradualmente, evoluindo para morfologias diversas como nódulos, tumores em forma de couve-flor e placas semelhantes à da psoríase. No avançar da doença, a disseminação pode ocorrer através de vasos linfáticos próximos à infecção inicial ou auto-inoculação no ato de coçar. As principais complicações advêm de infecções secundárias como linfedema e elefantíase, fatores de incapacitação (doença ocupacional). Os pontos negros são crostas sero-hemáticas, em que pacientes referem a dor do prurido como “agulhadas”.

A melanina produzida está associada à virulência e à patogenicidade. Em C. neoformans, essa substância protege as células fúngicas contra agentes oxidantes e também inibe respostas mediadas por células. A melanina pode interferir na ativação do sistema complemento e reduzir a susceptibilidade a agentes antifúngicos.

Diagnósticos diferenciais

Pode ser confundida com outras lesões cutâneas polimórficas: blastomicose, lobomicose, ceratoacantoma, prototecose, tuberculose, hanseníase, leishmaniose, micetoma, candidíase, bouba, sífilis terciária, paracoccidioidomicose, feohifomicose e HPV 6 e 11 (condiloma acuminado), neoplasias, esporotricose, sarcoidose, psoríase.

 

Tratamento:

Regime de tratamento

Espécie (n  = número de casos)

Resposta à terapia

Referência

1.        C., Cladophialophora; F., Fonsecaea; P., Phialophora.

Itraconazol 200-400 mg uma vez por dia

F. pedrosoi (n  = 46)

31% curado e 57% melhoraram

Bonifaz et al. 6

F. pedrosoi (n  = 30)

A cura clínica e micológica em: 90% com doença leve / moderada, 44% com doença grave

Queiroz Telles-et al. 17

Pulso terapia itraconazol 400 mg uma vez por dia durante uma semana mensal

F. pedrosoi (n  = 6)

Cura após 12 meses (n  = 4),> 50% de melhoria (n  = 2)

Ungpakorn & Reangchainam23

Terbinafina 500 mg uma vez por dia

F. pedrosoi (n  = 37) C. carrionii(n  = 9)

Marcado melhora clínica após 2-4 meses;83% de cura micológica após 12 meses

Esterre et al. 16

F. pedrosoi (n  = 3) P. verrucosa(n  = 1)

A cura clínica e micológica após média de 7 meses

Bonifaz et al. 18

F. pedrosoi (n  = 2) C. carrionii (n = 2)

A cura clínica após 4-8 meses (37,5-60 g dose cumulativa)

Xibao et al. 19

Itraconazol (200-400 mg uma vez por dia) e terbinafina (250-1000 mg uma vez por dia) a terapia de combinação

F. pedrosoi (n  = 4)

A cura clínica e micológica em 3 casos, após média de 6 meses

Gupta et ai. 24

Posaconazol 800 mg uma vez por dia

F. pedrosoi (n  = 6)

Cure em 4 casos, após média de 269 dias

Negroni et al.28

Crioterapia

F. pedrosoi (n  = 4)

Cura após média de 3 sessões de crioterapia

Bonifaz et al. 12

F. pedrosoi (n  = 22)

A cura clínica e micológica em 41%, e ainda mais cura clínica em 36% (média de 7 sessões, gama 1-22)

Castro et ai. 13

 

Referências Bibliográficas

Cromoblastomicose: relato de 27 casos e revisão da literatura. Rafaela Teixeira Marinho Correia 1 Neusa Y. S. Valente 2 Paulo Ricardo Criado 3 José Eduardo da Costa Martins - (http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n4/v85n4a05.pdf)

Biology and pathogenesis of Fonsecaea pedrosoi , the major etiologic agent of chromoblastomycosis Andre L.S. Santos ´ 1 , Vanila F. Palmeira1,2, Sonia Rozental3 , Lucimar F. Kneipp4 , Leonardo Nimrichter1 , Daniela S. Alviano2 , Marcio L. Rodrigues1 & Celuta S. Alviano2. (http://femsre.oxfordjournals.org/content/femsre/31/5/570.full.pdf)

http://www.prppg.ufpr.br/redefungos/cromblastomicose.html