Síndrome de Reiter
Autor: João Victor da Silva Soares
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A síndrome de Reiter é uma forma de artrite reativa, ou seja, uma artrite não purulenta aguda complicando uma infecção em outra parte do corpo, que é definida pela tríade: atrite, uretrite não gonocócica ou cervicite e conjuntivite. A maioria dos indivíduos afetados são homens na segunda ou terceira década de vida, sendo mais de 80% HLA-B27 positivos.
A histopatologia da síndrome de Reiter é semelhante a de outras espondiloartropatias, com aumento da vascularidade e infiltração por macrófagos fibrocartilagem no local da entesite.
A provável causa dessa doença surge por uma reação autoimune que se inicia após uma infecção prévia do trato gastrointestinal por Salmonella, Shigela, Campylobacter e Yersinia, ou do trato genitourinário por Clamydia. Os sintomas artríticos normalmente se desenvolvem algumas semanas após o surto inicial de diarreia ou de uretrite, dos quais a rigidez articular e a dor lombar são os sintomas iniciais. Em alguns casos, com a doença articular mais avançada e, portanto, mais grave, há um acometimento da coluna vertebral que é indistinguível da espondilite anquilosante. É importante relatar que a artrite tende a ser bastante dolorosa, fazendo com que o indivíduo afetado não consiga andar sem apoio.
As articulações periféricas, como tornozelos, joelhos e pés são afetadas com frequência, em geral em um padrão assimétrico. A sinovite de uma bainha de tendão digital gera um dedo da mão ou pé “em salsicha” e a ossificação dos sítios de inserção tendoligamentar produz esporões no calcâneo e protuberâncias ósseas.
Como manifestações extra-articulares, tem-se balanite inflamatória, conjuntivite, distúrbios de condução cardíaca e regurgitação aórtica.
O diagnóstico da síndrome de Reiter é essencialmente clínico, sem qualquer teste laboratorial ou achado radiográfico que seja definitivamente conclusivo. Deve-se suspeitar dessa doença em qualquer paciente com atrite aditiva ou tendinite inflamatória aguda assimétrica. A análise do líquido sinovial pode ser útil para afastar artrite séptica ou induzida por cristais, como a gota. Cultura, sorologia ou métodos moleculares podem ser úteis na identificação da infecção desencadeante.
O comportamento natural da síndrome de Reiter é bastante variável: Os episódios de artrite habitualmente apresentam exacerbações e regressões durante um período de algumas semanas até seis meses. Quase metade dos pacientes desenvolve artrite recorrente, tendinite, fasciíte e dor lombar que pode cursar com incapacidade funcional considerável.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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