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Abscesso pulmonar
18/08/2015
Publicado por: Luis Fernando Johnston Costa

Introdução


O abscesso pulmonar é uma infecção microbiana que resulta em necrose do parênquima pulmonar, evolui por dias/semanas, geralmente em hospedeiro com predisposição a aspiração. Geralmente tem início de 7 a 14 dias após inoculação microbiana, como complicação de uma pneumonia aspirativa. Também pode surgir por via hematogênica, como êmbolos sépticos de uma endocardite.


Fatores de risco


Os principais grupos suscetíveis a formação de abscesso são aqueles formados por pacientes com:


Classificação


De acordo com características clínicas e patológicas:

De acordo com o patógeno:


Etiologia

*HOSPEDEIRO COM TENDÊNCIA A ASPIRAÇÃO:

Bactérias anaeróbias mais estreptococos microaerofílico e/ou estreptococos anaeróbios, Gemellaspp.;

Lesões embólicas (endovasculares):Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Fusobacterium necrophorum;

Fungos endêmicos: Histoplasma, Blastomyces, Coccidioides spp.; Micobactérias: M. tuberculosis, M. kansasii. M. avium

*HOSPEDEIRO IMUNOCOMPROMETIDO:

M. tuberculosis, Nocardia asteroides, Rhodococcus equi, Legionella spp.; P. aeruginosa, Enterobacteriaceae (Klebsiella pneumoniae), Aspergillus spp., Cryptococcus spp.

*HOSPEDEIRO PREVIAMENTE SADIO: 

Bactérias:S. aureus, S. milleri, K. pneumoniae, estreptococos do grupo A; Gemella, Legionellae Actinomycesspp.;

Parasitos: Entamoeba histolytica, Paragonimus westermani, Strongyloides stercoralis

OBS: Staphylococcus aureus pode determinar doença fulminante em crianças, adolescentes ou jovens adultos. A aassociação com empiema é vista em 1/3 dos casos, com curso mais rápido, febre mais alta e marcada leucocitose!
OBS2: Nos abscessos secundários, ou nosocomiais, são encontrados germes aeróbios, como Enterobacteriaceas. Infecção por S. aureus, K. pneumoniae ou P. aeruginosa apresentam pior prognóstico!



Manifestações clínicas

  • Sintomas: Fadiga, Tosse, Escarro, Febre
  • Caquexia e Anemia
  • Escarro com odor pútrido
  • Pleurisia
  • Infecção periodontal com piorreia ou gengivite

Diagnóstico

  • Raio X e TC do Tórax: cavitação de paredes espessas e presença de nível hidroaéreo
  • Exames Microbiológicos: bacterioscopia e cultura de escarro
  • Amostras alternativas: líquido pleural por toracocentese e LBA
  • Aspirado transtorácico por agulha por direcionamento da TC
  • Excluir empiema se houver derrame pleural associado e diagnóstico diferenciado com TB e Carcinoma Escavado

Tratamento


Depende da etiologia presumida ou estabelecida. Em geral, há melhora clínica de 3 a 5 dias após o início da antibioticoterapia, mas os sinais radiológicos de resposta ao tratamento são mais tardios que os sinais clínicos. O tratamento com antibióticos pode durar até 28 dias, dependendo do patógeno e de possíveis comorbidades do paciente. É fundamental a participação do profissional Fisioterapeuta, para realizar manobras de Tapotagem e Drenagem Pós-postural, com objetivo de drenar o conteúdo abscedado.  

Antibioticoterapia:

Clindamicina

Tratamento de escolha, recomendada em caso de infecção por bactérias anaeróbias. 

Dose inicial IV de 600mg 4x/dia até melhora do quadro → VO de 300mg 4x/dia

Duração arbitrária, mas recomenda-se ATB até o desaparecimento da lesão ou cicatriz estável em RX

Tratamento alternativo: Beta-lactâmico+ Inibidor da Beta-lactamase parenteral → Amoxicilina/Clavulanato VO


Oxacilina

Tratamento de infecções por estafilococos produtores de penicilinase, sensíveis à droga.
 
200 mg/Kg/dia, EV, 6/6 hrs

Metronidazol

Efetivo contra anaeróbios, mas não contra estreptococos microaerofílicos aeróbios (infecções mistas) → deve ser associado a Beta-lactâmico ou outro agente ativo.

Vancomicina
Utilizada em casos de abscesso pulmonar causado por S. aureus resistentes. Visa nível sérico de 15 a 20µg/ml. TTO alternativo: Linezolida


Drenagem:


•Brônquios segmentares devem ser colocados em posição elevada em relação aos brônquios principais, e estes em relação à traqueia
•Realizar precursão e palpações
•Pedir que o paciente tussa durante os exercícios respiratórios
•De 30 a 45 minutos de 4/ 4 horas

Cirurgia:

A lobectomia é indicada para cerca de 10 a 12% dos pacientes, quando:
  • Sem resposta ao tratamento clínico
  • Brônquio obstruído, impossibilitando a drenagem
  • Abscesso volumoso (diâmetro > 6cm);
  • Bactérias resistentes
As principais causas de fracasso no tratamento são:
  • Dificuldade de drenar as coleções pleurais
  • Antibioticoterapia inadequada
  • Obstrução bronquiolar
  • Abscesso “gigante”
  • Patógeno resistente
  • Lesões refratárias por comprometimento imunológico

Referências


•Medicina Interna de Harrison – 18ª edição – Volume 2

Abscesso Pulmonar – Perfil microbiológico e tratamento clínico – Figueiredo MRG, Alencar RF, Júnior GNM – Hospital de Messejana