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Fármacos Antipsicóticos e Sedativo- Hipnóticos
07/08/2015
Publicado por: Lara de Holanda Jucá Silveira

Fármacos Antipsicóticos e Sedativo-Hipnóticos

Autor(a): Lara de Holanda Jucá Silveira

 

Agentes Antipsicóticos:

•       Antipsicóticos e neurolépticos: São usados em casos de esquizofrenia, outras psicoses e estados de agitação. Em uso na Medicina Ocidental há mais de 50 anos. Reserpina e Clorpromazina são destaques da classe. Esquizofrenia é o transtorno mais bem descrito e abordado.Esquizofrenia – sensório íntegro e distúrbio de pensamento acentuado. Pré-disposição genética associada a distúrbio psicótico. Ex.: Gene codificador da neuregulina 1. Associação ao neurotransmissor da amina (dopamina*), sendo caracterizada pelo excesso de dopamina.

- Dopamina: Neurotransmissor que estimula a produção de AMPc pela adenililcilase.

Antagonistas da Dopamina:
Antagonista do receptor glutamato NMDA (fenciclidina) – produção sintomas semelhantes à esquizofrenia.

Tipos Químicos:

•       Derivados da Fenotiazina: Derivados alifáticos (clorpromazina) e derivados da piperidina (tioridazina). Derivados da piperazina – potentes, mas não tão eficazes; seletividade.

•       Derivados do Tioxanteno: Tioxanteno. Menos potentes que análogos da Fenotiazina.

•       Derivados da Butirofenona: Haloperidol. Estrutura diferenciada. Difenilbutilpiperidinas. Butirofenonas e similares – potentes, efeitos extrapiramidais.

•       Estruturas Mistas: Fármacos mais recentes: Pimozida, Molindona, loxapina, clozapina, olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona, aripiprazol.

Absorção e Distribuição:A absorção incompleta é incompleta. Sofrem metabolismo de primeira passagem- Exemplos: Clorpromazina e Tioridazina – 15 a 25%. Haloperidol – 65%.
Altamente lipossolúveis, ligados a proteínas 92 – 99% do fármaco absorvido. Grandes volumes de distribuição e ação clínica longa. Ex.: Metabólitos da clorpromazina: excreção urinária prolongada e não ocorrência de recidiva completa até 06 semanas ou mais.

Metabolismo:Os metabólitos e ação dos fármacos tem pouca importância em sua ação. Exceção: Mesoridazina, metabólito da Tioridazina.   Os metabólitos são quase completamente metabolizados em substâncias mais polares.

Efeitos Farmacológicos:Efeitos no S.N.C., S.N.A. e Sistema Endócrino. Há o bloqueio dos efeitos de vários receptores, como dopamina (principalmente), adrenorreceptor alfa, muscarínicos, histamínicos H1 e serotonina 5-HT2.

Sistemas Dopaminérgicos:

1.     Via Mesolímbica-mesocortical: Comportamento.
Bloqueio: Parte da ação antipsicótica.

2.     Via Nigroestriatal: Coordenação do movimento.
Bloqueio: Parkinsonismo.

3.     Sistema Tuberoinfundibular: Inibição fisiológica da prolactina pela dopamina. Bloqueio: Hiperprolactinemia.

4.     Via Medular-Periventricular: Neurônios do núcleo motor do vago. Comportamento alimentar.

5.     Via Incerto-Hipotalâmica: Fase motivacional antecipada da copulação em ratos.

Receptores de Dopamina:Receptores semelhantes a D1 e semelhantes a D2. São formados por complexos dopaminérgicos, com várias subunidades. Potência terapêutica fortemente relacionada ao receptor D2. Receptor D2- diminuição do AMPc (inibição acoplada à Gi), inibição de canais de cálcio e abertura os canais de potássio. D3 e D4 também reduzem AMPc.

Agonistas diretos ou indiretos de D2: anfetaminas, levodopa e apormorfina.

Antagonistas de D2: ligação estereosseletiva, com afinidade relacionada à potência clínica e extrapiramidal. Aumento transitório de ácido homovalínico no plasma, urina e no líquido cerebro-espinhal.

Proporção de receptores dopaminérgicos de alta ou baixa afinidade interfere no local de ação do fármaco.

•       Fármacos recentes, sem afinidade muito alta pelo receptor D2, e ações adicionais – clozapina, olanzapina, quetiapina e aripiprazol. A maioria dos agentes antipsicóticos são tão eficientes em inibir os receptores 5-HT2a (sistema serotoninérgico) quanto os D2. Obs.: Receptores de glutamato, GABA e acetilcolina.

•       Objetivos: Fármacos seletivos para o sistema mesolímbico ou com efeitos nos neurotransmissores centrais. Toxicidade: diferenças de afinidade dos receptores. Toxicidade extrapiramidal e alta potência de D2.

Efeitos dos Fármacos:

•       Psicológicos: Sonolência, inquietação, efeitos autônomos. Melhora em testes psicomotores e psicométricos.

•       Endócrinos: Mais antigos – efeitos notáveis sobre o sistema reprodutor: amenorréia-galactorréia, aumento da libido e infertilidade nas mulheres; redução da libido, impotência e ginecomastia nos homens.

•       Cardiovasculares: Hipotensão ortostática, aumento de frequências cardíacas de repouso (fenotiazinas). PA média, resistência periférica e volume sistólico reduzidos. Prologamento de QT- sertindol e aumento do risco de arritmias.

•       Eletroencefalográficos: indução de padrões típicos de distúrbios convulsivantes – cuidado com a dosagem para pacientes epilépticos (mas podem ser usados com segurança).

Farmacologia Clínica dos Anti-Psicóticos:

•       Esquizofrenia – não há resposta completa.

•       Transtornos esquizoafetivos e Fase de mania do transtorno afetivo bipolar  – antipsicóticos associados a lítio, antidepressivos e ácido valpróico.

•       Síndrome de Tourette, comportamento perturbado de pacientes com Alzheimer, depressão psicótica (com antidepressivos).

•       Contra-indicação: várias síndromes de abstinência (ex.: opióides) e distúrbios emocionais e de ansiedade menores.

•       Antieméticos: proclorperazina e benzoquinamida.

•       Alívio de prurido: fenotiazinas.

•       Anestesia: prometazina, butirofenona droperidol.

Uso Clínico:

•       Fármacos mais antigos, sistema público e vantagem financeira. Efeitos colaterais extrapiramidais e hiperprolactinemia. Tendência em evitar fármacos de baixa potência (clorpromazina e tiorizadina); uso de haloperidol (alta potência).

•       Recentes – mais eficazes no tratamento de sintomas negativos: embotamento emocional, isolamento social e ausência de motivação. Menos efeitos colaterais e risco baixo de discinesia tardia.

-          Risperidona em detrimento do haloperidol. 

•       Combinação de fármacos para tratamentos clínicos.

Reações Adversas

•       Pseudepressão. Estados tóxico-confusionais.

•       Síndrome de Parkinson, acatisia (inquietação incontrolável),reações distônicas agudas (retrocoloespástico ou torcicolo).

•       Discinesia tardia – movimentos coreoatetóides anormais de ocorrência tardia (20-40% dos pacientes trataos com antipsicóticos antigos).

•        Convulsões – clorpromazina e clozapina.

•       Retenção urinária e hipotensão ortostática.

•       Hiperglicemia.

•       Hiperprolactinemia.

•       Agranulocitose – clozapina.

•       Dismorfogênese- baixo, mas existente, risco teratogênico. Questiona-se risco de aborto.

•       Toxicidade cardíaca – morte súbita por overdose de tioridazina.

 

Agente Sedativo-Hipnóticos:

São fármacos que produzem depressão gradativa do SNC. Ação sedativa/ansiolítica: redução da ansiedade – efeito calmante. Ação hipnótica: Sonolência: Manutenção do sono. Potencializam a ação dos receptores gabaérgicos. Diferença fármacos mais antigos (barbitúricos e álcoois) e mais recentes (benzodiazepínicos, alguns hipnótico mais recentes) é a seletividade. A gradação dos efeitos é caracterizada por sedação, hipnose, anestesia e coma..

•       Ramelteona: agonista do receptor de melatonina.
Buspirona: agente ansiolítico de início lento.

•       Efeitos sedativos: antipsicóticos, antidepressivos, anti-histamínicos (hidroxizina e prometazina – soníferos de venda livre).
Benzodiazepínicos são os mais utilizados atualmente.

•       Barbitúricos, Glutetimida, Meprobamato, Etanol e Hidrato de Cloral – mais antigos e menos usados.

•       Transtornos do sono: Zolpidem, Zaleplona, Eszopiclona – semelhantes a benzodiazepínicos.

Absorção e Distribuição: Oral: A absorção oral varia, dependendo de fatores como lipofilicidade (maior lipossolubilidade e maior penetração do SNC, como o Triazolam, o Tiopental e os hipnóticos recentes). Todos os sedativo-hipnóticos atravessam a barreira placentária. Leite materno e pré-parto, causam depressão das funções vitais do feto.

Biotransformação:Metabólitos mais hidrossolúveis : melhor depuração de sedativo hipnóticos. Meia-vida de eliminação é dependente da taxa de filtração metabólica.

1.     Benzodiazepínicos: Metabolismo hepático. Maioria passa pela Fase 1 de metabolização – Oxidação microssômica.
N-desalquilação e hidroxilação alifática (enzimas P450- CYP3A4).
Muitos metabólitos da fase 1 são farmacologicamente ativos e com meia-vida longa. Ex.: Desmetildiazepam – metabólito ativo do cloardiazepóxido, diazepam , prazepam, clorazepato.
Fase 2 – Conjugação e formação de glicuronídeos -> urina.
Obs.: 1. Meia-vida do fármaco possui pouca relação com a sequência temporal dos efeitos farmacológicos.
2. Meias-vidas longas: efeitos cumulativos com múltiplas doses.

 

2.     Barbitúricos: Excretados em sua forma inalterada. Passa pelas duas fases de metabolização. Metabolismo lento.
Secobarbital e pentobarbital – 18h-48h. Fenobarbital – 4 a 5 dias.
Efeitos cumulativos em múltiplas doses.
Obs.: Aumento da biotransformação induzida por barbitúricos.

 

3.     Hipnóticos Recentes:
Zolpidem e Zaleplona: [Ambos os medicamentos devem possuir doses reduzidas para idosos e pessoas com comprometimento hepático]. Eszopiclona.
Metabolismo hepático, CYP3A4.

•       Obs.: Inibidores CYP3A4 (Cetoconazol) e CYP3A4 (Rifampicina).

Excreção: alterações na função renal não exercem efeito pronunciado na eliminação dos fármacos.

Farmacologia Molecular do Receptor GABAa:Receptor GABAa- Canal Iônico de Cloreto. Possui múltiplas classes polipeptídicas: 5 subunidades e 4 domínios. Bolsa de ligação de benzodiazepínicos – Local BZ: entre as subunidades alfa-1 e gama-2. Bolsa ligação do neurotransmissor GABA: entre as subunidades alfa e beta.

•       GABA a – PPSI Rápido, receptores inotrópicos, seletivamente permeáveis ao Cl-. GABA b- PSSI Lento, cálcio e potássio.

Heterogeneidade dos receptores GABA e seletividade farmacológica:Barbitúricos se ligam em locais diferentes dos benzodiazepínicos.

•       Alfa-1: efeitos sedativos, amnésicos e anticonvulsivantes em benzodiazepínicos. Ações hipnóticas do zolpidem e zaleplona.
 
Alfa-2: resistência seletiva a efeitos ansiolíticos e miorrelaxantes-  benzodiazepínicos.

Alfa-5: Comprometimento da memória – benzodiazepínicos.

•       Zolpidem, zaleplona e eszopiclona- receptores GABAa subunidade alfa-1.  

Neurofarmacologia:GABA – principal neurotransmissor inibitório do SNC. Benzodiazepínicos aumentam a frequência de abertura de canais de cloreto. Barbitúricos aumentam a duração de abertura as canais de cloreto. São GABA miméticos em altas concentrações.
- Menos seletivos que os benzodiazepínicos e também deprimem neurotransmissores excitatórios (ácido glutâmico). Efeitos não sinápticos nas membranas.
- Múltiplas ações: capacidade de indução de anestesia completa + grande depressão do SNC com estreita margem de segurança.

Ligantes dos Locais BZ:

•       Agonistas facilitam as ações do GABA em múltiplos locais de ligação dos BZ: Benzodiazepínicos.
- Zolpidem, Zaleplona e Eszopiclona: agonistas seletivos.
- Moléculas benzodiazepínicas e não-benzodiazepínicas endógenas.

•       Flumazemil: Antagonista derivado benzodiazepínico sintético.
- Bloqueio as ações benzodiazepínicas e do ZZE, assim como de neuropeptídeos endógenos.

•       Não antagonista de barbitúricos, etanol e meprobamato.

•       Agonistas inversos: moduladores alostéricos negativos do receptor GABA (inibidores da reação enzimática).
- Interação com locais BZ no receptor GABA: Produção de ansiedade e convulsões. Ex.: Beta-carbolinas (Beta-CCB).
- Bloqueio de benzodiazepínicos.

Efeitos dos Fármacos:

Sedação: Efeitos calmantes com redução da ansiedade em doses mais baixas – benzodiazepínicos, barbitúricos e sedativo-hipnóticos.

- Efeitos depressores nas funções psicomotoras e cognitivas.
- Benzodiazepínicos e fármacos sedativo-hipnóticos podem liberar comportamentos inibidos por punição (desinibição). Não acontece com outros sedativos.
- Euforia, perda do discernimento e autocontrole na faixa de dose para ansiedade.
- Benzodiazepínicos: efeitos amnésicos anterógrados dependentes da dose.

Hipnose:
- Todos induzem o sono – doses altas.
- Efeitos dependentes de fármarco, dose, frequência de administração.

1) Latência ao início do sono é menor (indutores do sono). *Zaleplona.
2) Duração sono de ondas lentas aumenta (estágio 2). *Eszopiclona.
3) Duração do sono REM diminui. *Zolpidem.
4) Duração do sono de ondas lentas diminui no estágio 4.

Obs.: Efeitos 1 e 2 – efeitos clinicamente úteis.

•       Efeito Rebote do sono REM – interrupção abrupta de fármacos sedativo-hipnóticos mais antigos (*curta duração em altas doses).

Uso por 1 a 2 semanas – alguma tolerância aos efeitos no sono.

Anestesia - altas doses – até o estágio III e anestesia geral.
Barbitúricos - Tiopental e metoexital.
Benzodiazepínicos – Lorazepam, diazepam e midazolam.
Efeitos reversíveis com flumazenil.

Efeito Anticonvulsivante – Clonazepam, Iazepam, Nitrazepam, Lorazepam e Diazepam.
Barbitúricos, fenobarbital e metarbital – convulsões tônico-clônicas generalizadas.

Relaxamento muscular.

Respiração e função cardiovascular.

 

Referência Bibliográfica:  KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.