Imunossenescência
Autor: Isabelle Teixeira
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O envelhecimento causa alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, psicológicas, que podem ser moderadas por circunstâncias ambientais e genéticas. Tais mudanças, assim, podem afetar o sistema imunológico, o qual é participante de quase todos os processos fisiopatológicos do ser humano, predispondo-o a enfermidades. A essa relação, chamamos IMUNOSSENESCÊNCIA.
Devido à imunossenescência, as respostas celulares e humorais são afetadas, sendo a primeira a mais prejudicada. Essa inadequada atividade do sistema imunológico propicia, no geral, maior susceptibilidade a infecções, menor resposta a imunizações, maior índice de fenômenos auto-imunes, neoplásicos e degenerativos.
Analisaremos essas modificações pelos processos imunológicos envolvidos: produção e maturação de células da imunidade (1), imunidade inata (2), imunidade adaptativa (3).
1. Produção e maturação de células da imunidade:
a. Perda funcional das células-tronco hematopoiéticas: causada pela ativação de genes de especificação mieloide e inibição de genes que medeiam o destino e a função linfóide devido ao envelhecimento;
b. Atrofia tímica:processo que se inicia já antes da fase adulta, ocasiona deficiências de citocinas e hormônios tímicos, IL-1, IL-3 e IL-7, sendo o último o responsável pela manutenção e desenvolvimento de linfócitos, o que resulta em redução do número de linfócitos T ativados;
2. Imunidade inata:
a. Quimiotaxia de neutrófilos diminuída:por exemplo, a reduzida resposta a GM-CSF (Fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos) e a não ativação da migração de neutrófilos da medula óssea para a circulação sistêmica;
b. Apoptose prematura de neutrófilos: causada por menor resposta a citocinas que prolongam a vida das células, resulta em redução da atividade fagocítica;
c. Quimiotaxia de macrófagos diminuída:devido à diminuição de moléculas de sinalização;
d. Diminuição da produção de agentes oxidantes por macrófagos: devido à diminuição de moléculas de sinalização, embora o número de células NK aumente com a idade;
e. Atividade de células NK diminuída:pode ser causada pela ação de citomegalovírus, resultando e declínio da citotoxicidade celular e de síntese de citocinas e quimiocinas;
f. Anormal atividade das células dendríticas:exemplificada pelo aumento na produção de IL-6 e TNF-a e pela falha da geração de resposta antiinflamatória por essas células, resulta no processo inflamatório aumentado em idosos.
3. Imunidade adaptativa:
a. Declínio de IL-2(importante):há um aumento nas células Th2 com concomitante decréscimo de células Th1, que produzem IL-2;
b. Maior atividade supressora de células Treg:causando diminuição de células T CD8+ e CD4+ virgens, ao passo que há um aumento dos clones de memória no envelhecimento – todo o processo resulta em redução da capacidade de resposta a novos agentes;
c. Anormal atividade de células B:exemplificada por redução de moléculas co-estimulatórias, deficiência na sinalização do receptor de células B e diminuição da afinidade por imunoglobulinas;
d. Perda funcional de anticorpos: apesar de aumento destes, devido à maior quantidade de plasmócitos durante o envelhecimento, estes perdem sua afinidade;
OBS:diante do processo agora citado, é importante destacar a perda de IgG de alta afinidade, o que gera aumento de susceptibilidade e gravidade de doenças infecciosas e menor eficiência de vacinas.
Podemos citar outras alterações encontradas no envelhecimento que influem na imunidade dos indivíduos que não se enquadram nos processos já explicitados, como:
Uma maneira de amenizar tais processos, que são fisiológicos na verdade, é atentar para o estado nutricional do idoso, como a suplementação de nutrientes, como vitamina E e C, que têm ação antioxidante, e zinco, que promove melhor resposta humoral.
Fonte: Mota, Sâmia; Porto, Diego; Freitas, Max Victor*; Nogueira, José Ájax *. Imunossenescência: alterações imunológicas no idoso. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 67, n. 6, p. 183-188, jun/2010.
* Professores de Imunologia UFC Fortaleza