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Imunossenescência
03/08/2015
Publicado por: Isabelle Santos Teixeira

Imunossenescência

Autor: Isabelle Teixeira

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           O envelhecimento causa alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, psicológicas, que podem ser moderadas por circunstâncias ambientais e genéticas. Tais mudanças, assim, podem afetar o sistema imunológico, o qual é participante de quase todos os processos fisiopatológicos do ser humano, predispondo-o a enfermidades. A essa relação, chamamos IMUNOSSENESCÊNCIA.

            Devido à imunossenescência, as respostas celulares e humorais são afetadas, sendo a primeira a mais prejudicada. Essa inadequada atividade do sistema imunológico propicia, no geral, maior susceptibilidade a infecções, menor resposta a imunizações, maior índice de fenômenos auto-imunes, neoplásicos e degenerativos.

            Analisaremos essas modificações pelos processos imunológicos envolvidos: produção e maturação de células da imunidade (1), imunidade inata (2), imunidade adaptativa (3).

1.     Produção e maturação de células da imunidade:

a.     Perda funcional das células-tronco hematopoiéticas: causada pela ativação de genes de especificação mieloide e inibição de genes que medeiam o destino e a função linfóide devido ao envelhecimento;

b.    Atrofia tímica:processo que se inicia já antes da fase adulta, ocasiona deficiências de citocinas e hormônios tímicos, IL-1, IL-3 e IL-7, sendo o último o responsável pela manutenção e desenvolvimento de linfócitos, o que resulta em redução do número de linfócitos T ativados;

2.     Imunidade inata:

a.     Quimiotaxia de neutrófilos diminuída:por exemplo, a reduzida resposta a GM-CSF (Fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos) e a não ativação da migração de neutrófilos da medula óssea para a circulação sistêmica;

b.     Apoptose prematura de neutrófilos: causada por menor resposta a citocinas que prolongam a vida das células, resulta em redução da atividade fagocítica;

c.     Quimiotaxia de macrófagos diminuída:devido à diminuição de moléculas de sinalização;

d.     Diminuição da produção de agentes oxidantes por macrófagos: devido à diminuição de moléculas de sinalização, embora o número de células NK aumente com a idade;

e.     Atividade de células NK diminuída:pode ser causada pela ação de citomegalovírus, resultando e declínio da citotoxicidade celular e de síntese de citocinas e quimiocinas;

f.     Anormal atividade das células dendríticas:exemplificada pelo aumento na produção de IL-6 e TNF-a e pela falha da geração de resposta antiinflamatória por essas células, resulta no processo inflamatório aumentado em idosos.

3.     Imunidade adaptativa:

a.     Declínio de IL-2(importante):há um aumento nas células Th2 com concomitante decréscimo de células Th1, que produzem IL-2;

b.    Maior atividade supressora de células Treg:causando diminuição de células T CD8+ e CD4+ virgens, ao passo que há um aumento dos clones de memória no envelhecimento – todo o processo resulta em redução da capacidade de resposta a novos agentes;

c.     Anormal atividade de células B:exemplificada por redução de moléculas co-estimulatórias, deficiência na sinalização do receptor de células B e diminuição da afinidade por imunoglobulinas;

d.    Perda funcional de anticorpos: apesar de aumento destes, devido à maior quantidade de plasmócitos durante o envelhecimento, estes perdem sua afinidade;

OBS:diante do processo agora citado, é importante destacar a perda de IgG de alta afinidade, o que gera aumento de susceptibilidade e gravidade de doenças infecciosas e menor eficiência de vacinas.

 

            Podemos citar outras alterações encontradas no envelhecimento que influem na imunidade dos indivíduos que não se enquadram nos processos já explicitados, como:

 

                Uma maneira de amenizar tais processos, que são fisiológicos na verdade, é atentar para o estado nutricional do idoso, como a suplementação de nutrientes, como vitamina E e C, que têm ação antioxidante, e zinco, que promove melhor resposta humoral.  

 

Fonte: Mota, Sâmia; Porto, Diego; Freitas, Max Victor*; Nogueira, José Ájax *. Imunossenescência: alterações imunológicas no idoso. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 67, n. 6, p. 183-188, jun/2010.

* Professores de Imunologia UFC Fortaleza