Obstrução do Trato Urinário
Autor(a): Lara de Holanda Jucá Silveira.
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A obstrução do trato urinário aumenta a suscetibilidade à infecção urinária, à formação de pedras e, quando não tratada, leva à hidronefrose. A obstrução pode ser súbita ou insidiosa, parcial ou completa e intrínseca ou extrínseca. As causas mais comuns de obstrução são:
- Anomalias congênitas: válvulas uretrais e, estenoses uretrais e meatais, obstrução da entrada da bexiga, estreitamento ou obstrução da junção uretro-pélvica.
- Cálculos urinários.
- Hipertrofia prostática benigna.
- Tumores de próstata, bexiga, cérvice, útero e linfoma retroperitoneal.
- Inflamação: prostatite, ureterite, uretrite, fibrose retroperitoneal.
- Papilas destacadas ou coágulos sanguíneos.
- Gravidez.
- Prolapso uterino e cistocele (bexiga).
- Distúrbios funcionais: neurogênicos (danos na medula, nefropatia diabética) ou obstrução disfuncional.
Hidronefrose:
A hidronefrose é a dilatação da pelve renal e cálices com atrofia progressiva do rim por obstrução da saída da urina. A congestão causa alta pressão retrógrada da pelve, em direção aos ductos coletores, até o córtex, causando atrofia renal. A compressão da vasculatura medular renal causa distúrbios funcionais medulares como a redução da capacidade de concentração urinária e o declínio da taxa de filtração glomerular (TGF). Além disso, a inflamação intersticial pelo acúmulo de urina causa fibrose intersticial. Em casos avançados, há atrofia parenquimal, obliteração total das pirâmides e redução do córtex.
Clínica: Em uma obstrução aguda, há dor por distensão do sistema coletor ou da cápsula renal. Caso a hidronefrose seja unilateral, ela pode ser silenciosa por muito tempo. Na obstrução parcial bilateral, o indivíduo é incapaz de concentrar a urina e pode desenvolver um quadro de nefrite túbulo- intersticial crônica. Já a obstrução bilateral completa cursa com oligúria ou anúria, ocorrendo diurese massiva após desobstrução.
Urolitíase:
Uma causa importante de obstrução urinária é a urolitíase, explanada a seguir.
A urolitíase ou cálculo renal é a formação de estruturas sólidas que podem se formar em qualquer nível do trato urinário. A formação de cálculos renais é favorecida por gota, cistinúria (excreção do aminoácido cistina pela urina) e hiperoxalúria primária (excreção aumentada de oxalato pela urina). Os cálculos renais podem ser de:
a) Cálcio: Representam 70% dos casos. São formados por oxalato de cálcio e/ou de fosfato de cálcio. Estados de hipercalciúria e hipercalcemia estão relacionados a 5% dos cálculos cálcio.
b) Fosfato Triplo/ Estruvita: Representam 15% dos casos e estão associados a infecções bacterianas.
c) Ácido Úrico: Representam 5 a 10% dos casos.
d) Cistina: Representam 1 a 2% dos casos e estão associados a um defeito genético de menor absorção de aminoácidos.
A formação de cálculos de oxalato de cálcio está associada com a alta concentração de ácido úrico, hiperoxalúria, hipocitratúria e doença idiopática do cálculo de cálcio. Cálculos de ácido úrico formam-se pela hiperuricemia por gota ou reposição rápida de células (p.e. leucemias), sendo mais de 50% dos casos não há alteração na relação ácido úrico/acidez da urina. Deve-se destacar que cálculos de cálcio são rádio opacos, enquanto cálculos de ácido úrico são rádio lúcidos. A formação de cálculos renais é causada pela deficiência de inibidores da formação de cristais na urina, alta concentração de certos tipos de sais na urina e a presença de infecções. Eles estão frequentemente nos cálices, pelves e bexiga, sendo 80% dos cálculos renais unilaterais.
Clínica: Na clínica há obstrução do fluxo urinário, ulcerações e sangramentos. Comumente, cálculos pequenos podem causar cólicas ureterais, enquanto cálculos maiores causam hematúria. Indivíduos com urolitíase estão mais vulneráveis à infecção urinária.
Referência: Robbins & Cotran, Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8ed.2010.