Laboratório em Reumatologia
Introdução
Os exames laboratoriais são solicitados com 03 propósitos:
· Auxílio diagnóstico;
· Monitoramento da doença;
· Monitoramento dos efeitos adversos da doença.
Em Reumatologia, não existem exames patognomônicos de nenhuma doença!
Proteínas Inflamatórias de Fase Aguda
São proteínas produzidas no fígado e que aumentam no plasma, pelo menos 25% do seu valor basal, quando em vigência de um processo inflamatório.
Exemplos:
· Proteína C Reativa (PCR);
· Amiloide A;
· Ceruloplasmina;
· Fibrinogênio;
· Ferritina;
· Haptoglobina.
Velocidade de Hemossedimentação (VHS)
Concentração de proteína no plasma interfere na velocidade das hemácias sedimentarem, pois quanto mais proteína inflamatória aumenta o fibrinogênio, a precipitação é mais rápida, aumentando o VHS.
Possui baixa especificidade, podendo aumentar com infecção, neoplasia, gravidez, trauma...
O limite superior do VHS em homens é igual a idade do paciente dividido por dois, enquanto em mulheres é (idade+10)/2.
É mais usado para acompanhar a inflamação e a resposta medicamentosa em LES e AR.
Proteína C Reativa (PCR)
Aumenta rapidamente me inflamações e diminui rapidamente quando o processo é controlado (é mais preciso para inflamação que o VHS).
Menor do que 0,2mg/dL ou 2mg/L é o normal.
Eletroforese de Proteínas
Separa as proteínas do plasma em frações. Se alfa 2 globulina aumenta (às vezes alfa 1 globulina aumenta também) indica inflamação aguda. Se gama globulina alarga na base indica inflamação crônica.
Antiestreptolisina O (ASLO)
A estreptolisina é uma enzima produzida pela bactéria estreptococo que é capaz de destruir hemácias. O ASLO aumenta 7-12 dias após a infecção, só voltando a normalidade até 01 anos após. Apenas indica infecção recente estreptocócica, não diagnosticando febre reumática.
Fator Reumatoide (FR)
Anticorpos (principalmente IgM) contra porção Fc da IgG autóloga. Tem alta sensibilidade e baixa especificidade.
Quanto maior o título do FR, maior a chance de ser uma doença reumática. Paciente que possui AR e FR+ tem maiores chances de ter uma doença mais agressiva e com manifestações exrtra-articulares.
Anticorpos Antipeptídeos Citrulinados Cíclicos (anti-CCP)
Proteínas citrulinadas são encontradas na membrana sinovial de articulações com AR. O anti-CCP é o auto-anticorpo contra essas proteínas.
Tem alta especificidade para AR sendo útil naqueles com FR-. São detectados logo no início, sendo bons para acompanhar a progressão da doença e o prognóstico.
Antifosfolipídeos
Auto-anticorpos contra os fosfolipídeos da membrana e sua presença estão associadas com eventos trombóticos venosos e arteriais em vários órgãos (SAF).
Associado a fenômenos tromboembólicos, abortos recorrentes e plaquetopenia.
Para diagnóstico de SAF: títulos de anticardiolipina>40Ugpl/MPL, necessário confirmar no mínimo 12 semanas após 1ª avaliação.
Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo (ANCA)
Anticorpos dirigidos contra estruturas citoplasmáticas de leucócitos. O c-ANCA é muito específico da poliangeíte com granlomatose (granulomatose de Wegener), já o p-ANCA é mais encontrado na poliangeíte microscópica e gromerulonefrite rapidamente progressiva com crescentes.
Complemento
Formado por 30 proteinas plasmáticas produzidas pelo fígado e que são ativadas por fatores diferentes e de forma sequencial por 3 vias clássicas.
Causas de hipocomplementemia:
· Deficiência congênita;
· Hepatopatia;
· Desnutrição;
· Síndrome nefrotica;
· Infecção;
· Doenças auto-imunes.
Crioglobulinas
Imunogloulinas que surgem em várias doenças auto-imunes, infecciosas e neoplásicas.
Manifestação clínica mais importante: Fenômeno de Raynaud.
Ácido Úrico
A hiperuricemia pode ser causada por alta produção ou/e baixa excreção. A hiperuricemia em homens e = ác. Úrico>7mg/mL e em mulheres= ác. Úrico>6,5mg/mL.
Hiperuricemia não é gota e sim fator de risco para gota!
HLA-B27
O HLA-B27 é fortemente associado com espondilite anquilosante e outras espondiloartropatias, mas tem baixa especificidade, já que apenas 5% dos + desenvolverão a doença.
É solicitado para audar a cofirmar o diagnóstico e prevê pior prognóstico.
Marcadores do Metabolismo Ósseo
Principais marcadores de formação óssea são: fosfatase alcalina sérica e específica do osso, osteocalcina...
Marcadores de reabsorção: hidroxiapatita.
Devem ser associados à densitometria óssea e ao FRAX.
Fonte: Manual de Reumatologia para Residentes, 1ª Edição, Medeiros, M.M.C.