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Malária - diagnóstico e tratamento
01/04/2015
Publicado por: Luis Fernando Johnston Costa

Diagnóstico

1.      Gota Espessa: a técnica mais utilizada para o diagnóstico laboratorial da malária e continua sendo considerada como o “padrão ouro” para a confirmação específica da doença. Após coleta de sangue, por meio de punção digital e sua distribuição adequada em lâmina de vidro, é realizada a coloração e leitura ao microscópio. Essa técnica é importante, pois permite a visualização do parasito, identificação da espécie e para determinar o estágio de desenvolvimento e a quantificação do parasito.

2.      Esfregaço Sanguíneo: tem a vantagem de facilitar a identificação da espécie por permitir maior detalhe da morfologia dos plasmódios, mas, por outro lado, em baixas parasitemias, há uma redução da sua sensibilidade cerca de dez vezes, se comparado à gota espessa.

3.      Imunotestes e PCR: também chamado de testes rápidos, os imunotestes para diagnóstico de malária vêm sendo amplamente avaliados; o teste pode ser baseado em fitas de detecção por imunocromatografia, o qual utiliza anticorpos monoclonais e policlonais, marcados com ouro e dirigidos contra a enzima desidrogenase do lactato específica do parasito (pDHL) presente no sangue total do paciente. É um método bastante rápido, de fácil manuseio e que, dependendo de seus resultados, poderá ser aplicado no campo quando indicado, levando-se em consideração o seu custo benefício. O PCR também um teste muito utilizado em centros de referência para a malária.


Tratamento específico

(fonte: http://www.agencia.fiocruz.br/malária)

O tratamento da malária visa eliminar o mais rapidamente possível o parasita da corrente sanguínea do indivíduo e deve ser iniciado o mais rapidamente possível. O tratamento imediato com antimalárico – até 24h após o início da febre – é fundamental para prevenir as complicações. Se o teste de diagnóstico não estiver acessível nas primeiras duas horas de atendimento, o tratamento com antimaláricos deve ser administrado com base no quadro clínico e epidemiológico do paciente.

A OMS recomenda combinações terapêuticas à base de artemisinina (ACTs) para o tratamento da malária causada pelo parasita P. falciparum. A combinação de dois ingredientes ativos com diferentes mecanismos de ação faz das ACTs o antimalárico disponível mais eficaz.

A artemisinina e os seus derivados não podem ser utilizados como monoterapia oral. Formulações de dose fixa (combinação de dois ingredientes ativos diferentes em um único comprimido) são mais recomendadas do que o uso de vários comprimidos ou cápsulas, uma vez que facilitam a adesão ao tratamento.

Infecções por P. vivax devem ser tratadas com cloroquina em áreas onde o medicamento ainda é eficaz, como a maior parte do Brasil, associado à primaquina para a eliminação das formas hepáticas latentes. Em áreas resistentes à cloroquina, deve ser utilizado um ACT, combinado a outro de meia-vida longa.

O tratamento para quadros graves de malária consiste na administração de artesunato injetável (intramuscular ou intravenosa), seguido de um tratamento à base de ACTs assim que o paciente estiver apto a tomar medicamentos orais. Na impossibilidade de tratamento injetável, o paciente deve receber imediatamente artesunato via intra retal e ser encaminhado o mais rapidamente possível para um local adequado para o tratamento parenteral completo.


Tratamento sintomático

1.      Febre: métodos físicos, como o uso de compressas de água morna e ventilação, são mais eficazes na diminuição da temperatura corporal do que o uso de antitérmicos. Entretanto, os antitérmicos poderão ser usados na tentativa de evitar que ocorram convulsões febris em crianças suscetíveis.

2.      Cefaléia: decorrente da liberação de cininas, que são responsáveis pela vasodilatação, o uso de bolsas de gelo traz um grande alívio aos pacientes, podendo, ainda, ser usados os analgésicos.

3.      Anemia: a transfusão de concentrado de hemácias, ou mesmo sangue fresco (nos casos de distúrbios hemorrágicos com choque hipovolêmico), está indicada apenas nos casos de anemia grave, quando o hematócrito está abaixo de 20% e a hemoglobina abaixo de 5g/100ml.

4.      Hipoglicemia: pode-se administrar injeção endovenosa “em bolo” de 50 ml de glicose a 50% (1 ml/kg nas crianças) e a seguir manter infusão endovenosa de glicose a 5 ou 10%.

5.      Função renal: após a reidratação adequada, não havendo restabelecimento da função renal nos pacientes que evoluíram de oligúria para anúria, havendo condições, deve-se realizar diálise peritoneal ou hemodiálise.

6.      Há contra-indicações dos corticosteróides e outros agentes antiedematosos no coma malárico, assim como o uso da heparina nos pacientes.



Fonte – retirado integralmente de:

Ações de Controle da Malária: Manual para Profissionais de Saúde na AtençãoBásica - MINISTÉRIO DA SAÚDE; Secretaria de Vigilância em Saúde; Departamento de Vigilância Epidemiológica; p. 30-33


http://www.agencia.fiocruz.br/malária