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Abortamento
13/03/2015
Publicado por: Thiago Felizardo

Abortamento
Autor: Thiago Felizardo


­Consiste na interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação. É precoce quando ocorre até a 13ª semana e tardio quando ocorre entre 13ª e 22ª semanas.  É a mais importante situação hemorrágica da primeira metade da gestação.

Diagnóstico e conduta

Toda gestante com sangramento vaginal no 1° trimestre deve ser submetida a exame abdominal, exame especular e toque. Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida no diagnóstico, ultrassonografia está indicada para melhor avaliação.

Ameaça de abortamento

O sangramento é de pequena a moderada intensidade, podendo estar associado a dores (cólicas pouco intensas). O colo uterino encontra-se fechado, o volume uterino é compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. O diagnóstico é feito através da ultrassonografia, que pode não ter alterações ou apontar área de descolamento ovular, com vitalidade uterina. A mulher deve ser orientada a ficar de repouso, utilizar analgésico em caso de dor e evitar relações sexuais.

Abortamento completo

Geralmente ocorre antes da 8ª semana e a perda sanguínea e as dores diminuem ou cessam após expulsão do material ovular. O colo uterino pode estar aberto e o tamanho uterino é menor do que o esperado para a idade gestacional. Na ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com coágulos. A conduta é observação.

Abortamento inevitável ou incompleto

É quando há sangramento e dilatação cervical, mas ainda não ocorreu eliminação do conteúdo uterino (inevitável) ou quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado (incompleto). O sangramento é maior, diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, as dores são de maior intensidade e o orifício cervical encontra-se aberto. A ultrassonografia confirma a hipótese diagnóstica.

Abortamento retido

Cursa com regressão dos sinais e sintomas da gestação, com o colo fechado e sem perda sanguínea. Ultrassonografia revela ausência de vitalidade fetal ou presença de saco gestacional sem embrião.

Abortamento infectado

Está associado com muita frequência à manipulações da cavidade uterina por técnicas inadequadas e inseguras de abortamento provocado. As infecções são polimicrobianas e provocadas por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. As manifestações clínicas mais frequentes são:

Exames necessários para melhor avaliação:

No tratamento, é fundamental reestabelecer as condições vitais, iniciar antibioticoterapia de largo espectro (metronidazol+gentamicina) e medidas de suporte. O esvaziamento uterino deve ser feito por AMIU. Na impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a curetagem uterina. Ambas devem ser feitas sob infusão de ocitocina ou Ringer lactato.

Abortamento habitual

São perdas espontâneas e sucessivas de três ou mais gestações. É necessária uma anamnese detalhada para se detectar as possíveis causas associadas:

O exame ginecológico associado à ultrassonografia ajuda a detectar anomalias uterinas. Os testes laboratoriais que podem ser úteis são a pesquisa de anticorpos antifosfolípides e de anticorpos antinucleares. Fora da gravidez, a investigação genética do casal deve ser realizada, entre outros testes.

No caso de insuficiência lútea, utiliza-se comprimidos de progesterona natural. Em gestantes portadoras de síndrome antifosfolípide, utiliza-se baixas doses de aspirina associada à heparina. No caso de insuficiência istimocervical recomenda-se carclagem eletiva.

Fonte: Gestação de alto risco: manual técnico / Ministério da Saúde