Hematúria de Origem Glomerular
Autor: Ighor Magalhães de Carvalho
A detecção de hematúria no sumário de urina indica, em 1/3 dos casos, comprometimento glomerular, sendo o sinal mais comum e mais característico da síndrome nefrítica. A hematúria de origem glomerular difere das hematúrias por lesão nos túbulos, pelve, bexiga e ureter. As hemáceas encontradas no EAS são deformadas, fragmentadas e hipocrômicas.
Por definição, a síndrome nefrítica é o conjunto de sinais e sintomas quando o indivíduo tem seus glomérulos renais envolvidos por um processo inflamatório agudo. Em decorrência da inflamação, surgem “rupturas” ou “fendas” nas alças glomerulares, e as hemáceas então migram do interior dos glomérulos para o sistema tubular, passando por poros estreitos e deformando-se.
O sedimento urinário de um paciente nefrítico apresenta, além de dismorfismo eritrocitário e cilindros hemáticos (a hematúria é estigma desta síndrome), piúria e cilindros leucocitários, os quais evidenciam a natureza inflamatória do processo.
No que se refere aos cilindros urinários, as células epiteliais da alça espessa de Henle secretam a glicoproteína de Tamm-Horsfall, que segue o fluxo tubular e se deposita no néfron distal, originando uma superfície pegajosa em seu interior. Substâncias, partículas e células podem aderir a estas proteínas, moldando um corpo cilindro-tubular com potencial de se descamar. Nas doenças glomerulares -especialmente a síndrome nefrítica- devido à presença de hemáceas no interior do sistema tubular, podem ser formados os cilindros hemáticos, os quais são detectados no EAS.
Referência:
RIELLA, M.C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010