ANATOMIA PULMONAR
Autor: Duana da Frota Araújo
Parede Torácica
A parede do tórax é formada pela caixa torácica osteocartilaginosa, pelos músculos que se estendem entre as costelas, pela pele, pela tela subcutânea e pelos músculos e fáscia que revestem a superfície anterolateral.
A caixa torácica osteocartilaginosa ou esqueleto torácico tem o formato de uma gaiola abaulada e inclui o esterno, 12 pares de costelas e cartilagens costais, 12 vértebras torácicas e discos intervertebrais. Possui uma abertura superior, (cujos limites são a 1ª vértebra torácica, o 1º par de costelas e respectivas cartilagens costais e a margem superior do manúbrio do esterno) e pela abertura inferior (cujos limites são a 12ª vértebra torácica, o 11º e o 12º pares de costelas, as cartilagens costais unidas da 7ª-10ª costelas e articulação xifoesternal). Seu formato abobadado lhe confere rigidez. Tais características são necessárias às funções de proteção de órgãos torácicos a abdominais contra forças externas, resistência às pressões internas subatmosféricas geradas pela inspiração, fixação e sustentação dos membros superiores e fixação de músculos.
Apesar da rigidez conferida pelo formato da caixa torácica, o tórax é uma das regiões mais dinâmicas do corpo, devido ao movimento constante das estruturas que circunda (coração, grandes vasos, pulmões e traqueia), bem como de seu assoalho (diafragma) e suas paredes. As articulações, a flexibilidade das costelas e a pequena espessura da caixa torácica, além de permitirem esse dinamismo, também permitem a absorção de muitos choques e compressões externas sem fraturas e a modificação do formato para permitir a respiração.
Diversos músculos que revestem a caixa torácica ou que se inserem nela servem principalmente a outras regiões (como os músculos toracoapendiculares, que podem atuar como músculos acessórios da respiração mas atuam principalmente no membro superior). Contudo, os verdadeiros músculos da parede torácica são:
- Músculo serrátil posterior
- Músculos levantadores da escápula
- Músculos subcostais
- Músculo transverso do tórax
Cavidade Torácica
Profunda a parede torácica, encontra-se a cavidade torácica, que tem formato de um cone truncado (parte superior mais estreita e circunferência aumentando inferiormente). O assoalho muscular da cavidade torácica (diafragma) apresenta uma invaginação inferior profunda causada pelas vísceras da cavidade abdominal (que são circundadas por aproximadamente a metade inferior da parede torácica). Isso significa que o volume circundado pela parede torácica é maior do que a cavidade torácica. A cavidade torácica é dividida em três compartimentos e abriga os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. O compartimento central do tórax, ou mediastino, abriga vísceras torácicas com exceção dos pulmões (o coração, por exemplo). Dos lados esquerdo e direito do compartimento central existem as cavidades pulmonares direita e esquerda, que alojam os pulmões.
Pleuras
As pleuras são membranas de tecido conjuntivo que revestem cada cavidade pulmonar, bem como a superfície externa de cada pulmão. A pleura visceral é mais profunda e faz contato com toda a superfície do tecido pulmonar, revestindo os pulmões. Ela é inervada pelo plexo autônomo simpático e não possui receptores de sensação dolorosa. Já a pleura parietal é superficial em relação à pleura visceral e é adjacente às paredes das cavidades pulmonares, aderindo assim à parede torácica, ao mediastino e ao diafragma. A pleura parietal é rica em terminações nervosas sensitivas provenientes dos nervos frênico, dos nervos intercostais e de ramos do plexo braquial. Por isso, a pleura parietal, ao contrário da pleura visceral, é sensível à dor. Portanto, dor de característica pleurítica indica acometimento da pleura parietal.
As duas membranas pleurais descritas são contínuas entre si no hilo do pulmão, formando a cavidade pleural – espaço virtual entre as camadas pleurais. Esse espaço contém uma lâmina de líquido pleural seroso, que tem função de lubrificar a superfície das pleuras, permitindo que deslizem uma sobre a outra durante os movimentos ventilatórios.
A pleura parietal é dividida em partes costal, mediastinal, diafragmática e cúpula da pleura. A parte costal da pleura parietal (pleura costal) reveste a superfície interna da parede torácica. A parte mediastinal (pleura mediastinal) recobre as faces laterais do mediastino, a divisória de tecidos e órgãos que separam as cavidades pulmonares e seus sacos pleurais. A parte diafragmática (pleura diafragmática) cobre a superfície superior do diafragma de cada lado do mediastino, exceto ao longo de suas fixações costais e no local onde o diafragma está fundido ao pericárdio. A cúpula da pleura recobre o ápice do pulmão e é reforçada pela membrana suprapleural (extensão fibrosa da fáscia endotorácica, ou fáscia de Sibson).
Pulmões
Os pulmões, órgãos vitais da respiração, são leves, esponjosos e rosados nas pessoas vivas com pulmões saudáveis. São elásticos e podem se reduzir a aproximadamente um terço de seu volume quando a cavidade torácica é aberta. Os dois pulmões são separados pelo mediastino e possuem cada um:
- Ápice: extremidade superior arredondada do pulmão, que se estende até a base do pescoço
- Base: superfície inferior côncava do pulmão, que se apoia no diafragma
- Lobos: o pulmão esquerdo possui uma fissura oblíqua esquerda que o divide em dois lobos (superior e inferior), e o pulmão direito é dividido em três lobos (superior, médio e inferior) pelas fissuras oblíqua direita e horizontal.
- Faces: costal, mediastinal e diafragmática
- Margens: anterior, inferior e posterior.
A margem anterior do pulmão esquerdo apresenta a incisura cardíaca, impressão deixada pelo desvio do coração para o lado esquerdo. A língula é um processo linguiforme situado na parte mais anterior e inferior do lobo superior do pulmão esquerdo.
A face costal do pulmão é lisa e convexa. A face mediastinal é côncava por causa de sua relação com o mediastino médio, que contém o coração e o pericárdio. A face mediastinal apresenta, ainda, no pulmão esquerdo, a impressão cardíaca e a impressão aórtica. Por outro lado, a face mediastinal do pulmão direito apresenta Esta face contém o hilo do pulmão. A face diaframática também é côncava e corresponde à base do pulmão, apoiada sobre o diafragma.
O pulmão direito é maior que o esquerdo, pois coração e grandes vasos se projetam em direção à cavidade pleural esquerda. No entanto, o pulmão esquerdo é mais longo que o direito, devido à elevação do diafragma no seu lado direito causada pelo fígado.
O hilo do pulmão é a região de acesso de um brônquio principal em cada pulmão e também fornece a passagem de um conjunto de nervos e vasos pulmonares sustentados por tecido conjuntivo denso. A esse conjunto é dado o nome de raiz do pulmão Esta estrutura sustenta o pulmão na cavidade torácica e mantém as posições dos grandes vasos sanguíneos, dos nervos e dos vasos linfáticos. As raízes pulmonares se localizam anteriormente às vértebras T5 (direito) e T6 (esquerdo).
O tecido conectivo da raiz de cada pulmão se estende até o parênquima pulmonar e é contínuo com a pleura visceral. Este tecido forma trabéculas que se ramificam repetidamente e dividem os lobos em compartimentos menores. As ramificações de vias condutoras de ar, de vasos e de nervo acompanham tais ramificações até as partições terminais periféricas – os septos, que dividem o pulmão em lóbulos. Os brônquios presentes no hilo do pulmão se ramificam inúmeras vezes até alcançar os alvéolos pulmonares.
Árvore Bronquial
A árvore bronquial é formada pelos brônquios principais direito e esquerdo e seus ramos. Os brônquios principais são ditos extrapulmonares, visto que se localizam fora dos pulmões. Os brônquios principais se dividem em ramos que penetram o pulmão. Estes ramos são denominados brônquios intrapulmonares.
Os brônquios principais se dividem em brônquios secundários (ou lobares) e estes se ramificam em brônquios segmentares (ou terciários). Os brônquios segmentares conduzem ar para os segmentos broncopulmonares. O pulmão direito apresenta dez segmentos broncopulmonares e o esquerdo possui oito ou nove no indivíduo adulto. As paredes dos brônquios contêm cartilagem e à medida que se ramificam a quantidade de cartilagem nas suas paredes diminui. A cartilagem da parede dos brônquios é organizada em placas cartilagíneas. Essa cartilagem previne, à semelhança do que ocorre na traqueia, o colabamento dos brônquios, mantendo a luz bronquial.
O pulmão direito apresenta três brônquios secundários, distribuídos em cada um de seus lobos. Portanto os três brônquios lobares (ou secundários) do pulmão direito são: superior, médio e inferior. A exemplo do que ocorre no direito, no pulmão esquerdo observam-se dois brônquios lobares (ou secundários): superior e inferior.
Cada brônquio segmentares – que são ramificações dos brônquios lobares - e conduzem o ar a um único segmento broncopulmonar. Tais segmentos são formados de tecido pulmonar.
Os brônquios segmentares, por sua vez, se ramificam em aproximadamente 6500, bronquíolos terminais, de diâmetro 0,3 a 0,5mm, que não apresentam cartilagem. Nestes, predomina a presença de tecido muscular liso. Cada bronquíolo terminal se associa a um único lóbulo pulmonar e lá se divide em vários bronquíolos respiratórios, que conduzem o ar às superfícies de difusão gasosa. Os bronquíolos respiratórios se conectam a alvéolos individuais ou múltiplos. Os alvéolos conferem ao pulmão sua aparência esponjosa, e existem aproximadamente 150 milhões deles num pulmão adulto saudável. Eles são revestidos por uma extensa rede de vasos capilares, e estes são revestidos por fibras elásticas que ajudam a manter as posições relativas de alvéolos e bronquíolos respiratórios.
Nervos e Vasos
Cada pulmão possui uma grande artéria pulmonar e duas veias pulmonares. As artérias pulmonares direita e esquerda se originam do tronco pulmonar do coração, que começa no ventrículo direito. Elas conduzem sangue pouco oxigenado. Cada artéria pulmonar faz parte da raiz do pulmão, e se divide em artérias lobares secundárias, e estas se dividem, por sua vez, em artérias segmentares terciárias. As duas veias pulmonares (superior e inferior) conduzem sangue oxigenado dos lobos pulmonares até o átrio esquerdo do coração.
A inervação pulmonar derivada dos plexos pulmonares anteriores e posteriores às raízes dos pulmões. Tal rede nervosa contém fibras aferentes simpáticas, parassimpáticas e viscerais.
Referências Bibliográficas
MARTINI, Frederic H.; TIMMONS, Michael J.; TALLITSCH, Robert B.Anatomia humana. Porto Alegre, RS: Artmed, 2009.
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, c2010.
HANSEN, John T.; LAMBERT, David R.; NETTER, Frank H. Anatomia clínica de Netter. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007.