As fases do desenvolvimento psicossexual humano, segundo Freud.
Autor: Diego de J. Vieira Ferreira
Sigmund Freud, considerado como o Pai da Psicanálise, foi um dos psicólogos mais influentes dos últimos dois séculos. Polêmicas, ousadas e radicais, suas teorias a respeito de fenômenos como interpretação dos sonhos, sexualidade e inconsciente ainda são alguns dos temas mais estudados e criticados nesse campo de saber. Como se sabe, a motivação sexual foi muito enfatizada por Freud, particularmente, nos seus primeiros trabalhos. Uma das mais conhecidas - as cinco fases do desenvolvimento psicossexual da criança - ainda provoca acaloradas discussões entre os profissionais da área.
De acordo com Freud, as crianças passam por cinco fases de desenvolvimento:
I – A fase oral (0 – 1 ano)
Desde o nascimento, Freud afirma que a primeira fase de desenvolvimento de uma criança se concentra na região oral. Tendo como exemplo principal foco a amamentação da mãe, a criança obtém prazer no momento da sucção e sente satisfação com a nutrição proporcionada pelo ato. Caso a amamentação fosse interrompida precocemente, o autor afirmava que a criança teria atitudes suspeitas, não confiáveis ou sarcásticas, enquanto aquela que for constantemente amamentada terá uma personalidade confiante e ingênua. Com duração de um ano a um ano e meio, a fase oral termina com na época do desmame.
II – A fase anal (1 – 3 anos)
Após receber orientações sobre higiene íntima, a criança desenvolve uma obsessão para com a região anal e o ato de brincar com as próprias fezes. Freud afirmava que a criança vê esta fase como uma forma de se orgulhar das suas "criações", o que levaria à personalidade "anal expulsiva". A criança poderia também propositadamente reter seu sistema digestivo como forma de confrontar os pais, o que levaria à personalidade "anal retentiva". Esta fase tem duração de um a dois anos.
III – A fase fálica (3 – 5 anos)
De acordo com o psicanalista, a fase fálica é a mais crucial para o desenvolvimento sexual na vida de uma criança. Ela se concentra nos órgãos genitais - ou a falta deles, se a criança for do sexo feminino - e os complexos de Édipo ou Electra surgiriam. Para um homem, a energia sexual é canalizada no amor por sua mãe, levando a sentimentos de inveja (às vezes violentos) contra o pai. Geralmente, no entanto, o menino aprenderá a se identificar com o pai, em termos de órgãos genitais correspondentes, reprimindo assim o complexo de Édipo. Por outro lado, o complexo de Electra, embora Freud não tenha sido tão claro assim, principalmente diz respeito ao mesmo fenômeno, porém invertido, para as meninas. Esta fase dura de três a quatro anos.
IV – O período de latência (5 anos – puberdade)
Freud dizia que o período de latência no desenvolvimento da criança não é um período psicossexual, mas sim uma fase de desejos inconscientes reprimidos. Neste período, a criança já superou o complexo da fase fálica e, embora desejos e impulsos sexuais possam ainda existir, eles são expressos de forma assexuada em atividades como amizades, estudos ou esportes, até o começo da puberdade.
V- A fase genital (puberdade e vida adulta)
Segundo Freud, na fase genital, a criança mais uma vez volta a sua energia sexual para seus órgãos genitais e, portanto, em direção às relações amorosas. Ele diz que esta é a primeira vez que uma criança quer agir de acordo com seu instinto de procriar. Os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem aqui uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. Neste momento, meninos e meninas estão ambos conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.
Fontes:
Fadiman, James & Frager, Robert (1976), Teorias da Personalidade, São Paulo, HARBRA, 1986
Freud, S. Resumo das Obras Completas. Rio de Janeiro. São Paulo. Livraria Atheneu, 1984