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Ação Farmacológica na Secreção Gástrica
04/10/2014
Publicado por: Marjorie Jales

Ação Farmacológica na Secreção Gástrica

Autora:MarjorieAzevedoJales.
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O estômago secreta cerca de 2,5 litros de suco gástrico diariamente. Suas principais seceções são pró-enzimas, ácido clorídrico e fator intrínseco, o qual é responsável pela absorção de vitamina B12. As células principais células encontradas na superfície gástrica são as principais( ou pépticas), responsáveis pela secreção enzimática  e as parietais ( ou oxínticas), produtores de ácido clorídrico e fator intrínseco.  Íons bicarbonato também são secretados e ficam presos no muco, criando uma barreira protetora que impede a autodigestão gástrica, tal superfície contrasta com que se encontra em face ao ambiente ácido da luz.

Considera-se que a patogênese da úlcera péptica esteja envolvida com o desequilíbrio desses mecanismos secretores e protetores, o que veremos mais adiante.

Inicialmente faremos um breve resumo sobre a regulação da secreção de ácido gástrico para mais à frente entendermos os mecanismos de ação dos fármacos inibidores ou neutralizadores da secreção gástrica.

Os principais estímulos que atuam sobre as células parietais são:

Gastrina

É um hormônio péptico estimulador da secreção ácida pelas células parietais, produzido por células endócrinas (G) presentes na muco do antro gástrico. Tal hormônio também aumenta a secreção de pepsinogênio, o fluxo sanguíneo e a motilidade gástrica.

Acetilcolina

Estimula receptores muscarínicos específicos na superfície das células parietais e na superfície de células contendo histamina.

Histamina

É um hormônio que atua nos receptores H2 presentes nas células parietais, estimulando a ação delas. Dentro do estômago,  células que contenham histamina, como os mastócitos, fazem uma liberação basal constante de histamina, que ainda é aumentada pela ação da gastrina e da acetilcolina.

Gênese de úlceras pépticas

 A gênese de úlceras pépticas evolve desequilíbrios na secreção de ácido e nos mecanismos protetores da mucosa. Junto a isso, diversas condições, como uso de medicamentos, infecções bacterianas e stress podem influenciar no aparecimento de doenças gástricas relacionadas à acidez.

Veremos, então, os diferentes mecanismos de fármacos usados para inibir ou neutralizar a secreção de ácido gástrico.

Antiácidos

São mais simples de todas as terapias para tratar os sintomas de secreção excessiva de ácido gástrico. Neutralizam diretamente o ácido, elevando, assim, o pH gástrico.

Os principais fármacos disponíveis são os carbonatos de cálcio, como CaCO3 e Ca(HCO3)2 , as substâncias alcalinas, como Al(OH)3 e Mg (OH)2 e o bicarbonato de sódio , NaHCO3

O bicarbonato de sódio atua rapidamente e afirma-se que eleva o pH do suco gástrico para cerca de 7,4. É importante ressaltar que na reação do ácido com os íons carbonatos e seus derivados há liberação de dióxido de  carbono, e isto causa eructação.

O dióxido de carbono estimula a secreção de gastrina e pode resultar em elevação secundária da secreção de ácido. Além disso, como grande parte do bicarbonato de sódio é absorvida no intestino, grandes doses ou o uso prolongado dele podem causar alcalose. Assim, ele não é indicado para tratamento a longo prazo.

 

Antagonista do Receptor H2 da Histamina

Agem competitivamente inibindo as ações da histamina em todos os receptores H2, mas seu principal uso clínico é como inibidores da secreção de ácido gástrico. Podem inibir a secreção de ácido estimulada pela histamina, pela gastrina e pela acetilcolina. Outra característica desses fármacos é , entre elas, a inibição de cerca de 60-70% da secreção de ácido em 24h, além de causar particularmente ações mais efetivas na diminuição da acidez gástrica durante a noite.

Os principais fármacos são cimetidina, ranitidina, nizatidina e famotidina.


Inibidores da Bomba de Prótons

Inibem irreversivelmente a H+/K+- ATP ase, a etapa final na via secretora de ácido. Em geral, são pró-fármacos, de natureza básica fraca, e que se acumula no ambiente ácido dos canalículos da célula parietal, apresentando ação específica nessas células.  Os principais fármacos disponíveis são Omeprazol, Lansoprazol, Rabeprazol, Pantoprazol e Esomeprazol.

É importante ressaltar alguns aspectos farmacocinéticos desses fármacos. Um deles é que embora a sua meia-vida seja cerca de 1 hora, uma única dose diária afeta a secreção e ácido por  2-3 dias porque se acumula nos canalículos e inibe irreversivelmente a bomba de prótons.

 

Fármacos Protetores da Mucosa

Afirma-se que alguns agentes, denominados citoprotetoras, aumentam os mecanismos endógenos de proteção da mucosa e /ou proposcionam um barreira física sobre a superfície da úlcera.

 

Sulcrafato

É um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose que libera alumínio em presença de ácido. Assim, ele pode formar um complexo com o muco, objetivando diminuir a degradação de muco pela pepsina e limitar a difusão de H+  . Além disso, ele age, aumentando a produção de muco e a liberação de HCO3- .

 

Misoprostol

É um análogo sintético da prostaglandinas PGE1 , administrado por via oral e usado para promover a cicatrização de úlceras ou para prevenir lesão gástrica que pode ocorrer com o uso crônico de AINEs. Age diretamente nas células parietais, inibindo a secreção basal de ácido gástrico, aumentando também o fluxo sanguíneo na mucosa.

 

Fonte: Rang&Dale – Farmacologia- 6ª edição.