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Exame físico - Hanseníase
01/10/2014
Publicado por: Luis Fernando Johnston Costa

Exame físico – Hanseníase


O exame físico é essencial para o diagnóstico da Hanseníase, seu tipo, grau de desenvolvimento e para a caracterização de possíveis reações hansênicas.


Exame Físico


Examinar SEMPRE pele, nervos e olhos para certificar-se de que não há presença de nenhuma reação hansênica.

As reações hansênicas nem sempre são semelhantes. Algumas possibilidades:

·       Somente uma inflamação da lesão cutânea de pele e os nervos não são afetados.

·       Reação inflamatória nos nervos sem causar mudanças óbvias nas lesões de pele. (mais frequentes).

·       Efeitos sobre os nervos podem ser dolorosos e óbvios, ou subclínicos (sem dor).


1.     Olhos

-        Pergunte ao paciente se há dor nos olhos, perda recente da visão ou dificuldade para cerrar as pálpebras.

-        Procure sinais de inflamação: ardor ou pupilas com forma irregular.


2.     Pele

-        Pergunte ao paciente se há dor e edema nas lesões de pele.

-        Examine as lesões para verificar sinais de inflamação.

-        Examine as mãos e os pés para verificar a diminuição da sudorese.


3.     Nervos

-        Pergunte se houve perda de sensibilidade nas palmas das mãos e na planta dos pés ou perda de força nas mãos e nos pés e teste a sensibilidade e força destas regiões

-        Pergunte se teve dificuldade com suas tarefas diárias.

-        Pergunte sobre dor, queimação (ardor) ou formigamento nos nervos.

-        Palpe os nervos para avaliar hipersensibilidade ou dor.


Teste de sensibilidade


  1. Pelo menos quatro locais de cada palma da mão e quatro locais de cada planta de pé devem ser testados - portanto, 16 locais ao todo
  2. Segure a mão ou o pé do paciente para auxiliar o exame clínico. Mostre ao paciente, com os olhos abertos, o que você irá fazer e só então solicite que feche seus olhos.
  3. Toque em cada um dos quatro lugares da palma da mão e da planta do pé com a ponta de uma caneta esferográfica.
  4. Pressione delicadamente para fazer somente uma depressão pequena na pele - não pressione demasiado. O peso da própria caneta esferográfica é suficiente.
  5. Peça para o paciente apontar o lugar que você tocou.
  6. Se o paciente não sentir a pressão da primeira vez, teste o mesmo lugar uma segunda vez da mesma maneira - não pressionando demasiadamente a caneta.


Teste de força


  1. Teste quatro músculos em cada lado do corpo do paciente: um músculo que afeta a pálpebra, dois músculos da mão e um músculo que controla o pé.
  2. Registre:

•        (F) forte - quando a força parecer normal.

•        (D) diminuída - quando a força estiver diminuída.

•        (P) paralisado - quando não houver força para produzir o movimento que você está testando

  1. Músculos que fecham os olhos: peça ao paciente que feche os olhos delicadamente. Se houver paralisia, haverá abertura remanescente entre as pálpebras superiores e inferiores.
  2. Nervo ulnar: segure do segundo ao quarto dedos. O paciente abre o quinto dedo enquanto se aplica força contrária na face lateral da segunda falange.
  3. Nervo mediano: peça para o paciente elevar o polegar perpendicularmente ao plano da palma da mão, enquanto a força contrária é aplicada na face lateral da falange proximal do polegar.
  4. Nervo fibular: peça ao paciente para levantar seu pé (dorsiflexão). Aplicar força contrária no dorso do pé apoiando a mão sobre a região média do pé.



Dano neural


O espessamento neural acompanhado por dor, hiperestesia ou acentuação de hipoestesia por menos de 6 meses induz ao possível diagnóstico de neurite aguda. Na ausência de sintomas, pode ser denominada neuropatia silenciosa. Há novo dano neural se:

-        Há locais nas mãos ou pés com perda sensorial em relação ao exame prévio.

-        Há perda de força muscular em um músculo comparado com o exame clínico anterior (perda motora).

-        Há alteração no nervo, que tornou-se espessado, mais doloroso e hipersensível ao toque.


Bibliografia


Sociedade Brasileira de Hansenologia e Sociedade Brasileira de Dermatologia - Hanseníase: Episódios Reacionais;

The International Federation of Anti-Leprosy Associations (ILEP) - Como reconhecer e tratar reações hansênicas;

Ura S. Tratamento e controle das reações hansênicas. Hansen Int. 2007;32(1): 67-70.

Souza, Linton Wallis Figueiredo - Leprosy reactions in discharged patients following cure by multidrug therapy; Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(6):737-739, nov-dez, 2010