Introdução
Reações Hansênicas é o termo para o grupo de manifestações cutâneas, oftálmicas e neurais decorrentes da inflamação causa por bacilos de Mycobacterium leprae. Na pele, as lesões são bastante incômodas, mas raramente graves. Nos nervos, podem causar graves danos, como a perda da função originada do edema e da pressão no nervo. Os mais afetados são os da pálpebra, das mãos e dos pés. Nos olhos, dor e vermelhidão são os achados clínicos mais prevalentes; pode haver ainda diminuição da acuidade visual e fraqueza muscular para “cerrar as pálpebras”.
Qualquer paciente com hanseníase corre risco de ter reação hansênica; aproximadamente 25 a 30% dos pacientes com hanseníase podem desenvolver reações. Pacientes com hanseníase multibacilar (MB) que já tiverem danos neurais ao diagnóstico devem ter acompanhamento mais frequente, já que até 65% poderá desenvolver novos danos neurais.
Reações tipo 1
As reações do tipo 1, ou reações reversas são causadas pelo aumento da atividade do sistema imunológico lutando contra o bacilo da hanseníase, ou mesmo por resto de bacilos mortos. Ocorre a instalação de um processo inflamatório agudo, principalmente na pele e nos nervos. Em torno de 25% de todos os pacientes com hanseníase pode ter reação tipo 1, e a grande maioria desenvolve sintomas dentro dos seis primeiros meses de tratamento
Os principais achados clínicos são:
A maior parte das reações tipo 1 involuem dentro de seis meses, mas sem tratamento, seus efeitos sobre os nervos levariam à perda permanente da função.
Reação tipo 2
Menos frequente que a reação tipo 1, afeta somente os pacientes com hanseníase multibacilar. Em sua grande maioria, ocorre durante os primeiros três anos após o início da PQT, podendo aparecer anos após o término do tratamento, afetando apenas a pele.
Os principais achados clínicos são:
1. Mal-estar geral e febre
Tratamento
Reações leves de ambos os tipos (reação reversa e ENH) podem ser tratadas
na rede básica com ácido acetil-salicílico (AAS, aspirina - a dose do adulto é de 600mg até seis vezes por dia).
Corticosteróide: prednisona é a mais comumente utilizada. É facilmente absorvida quando utilizada por via oral. 1-2mg/kg/dia, 12 a 24semanas.
O descanso é importante em todas as condições inflamatórias. As imobilizações podem ser aplicadas aos segmentos afetados. Exercícios passivos ajudam a manter o movimento de todas as articulações afetadas. Mais tarde os exercícios ativos ajudam a restaurar a força muscular.
Em alguns casos a cirurgia pode auxiliar a dor neural crônica e a restauração da função nervosa.
Bibliografia
Sociedade Brasileira de Hansenologia e Sociedade Brasileira de Dermatologia - Hanseníase: Episódios Reacionais;
The International Federation of Anti-Leprosy Associations (ILEP) - Como reconhecer e tratar reações hansênicas;
Ura S. Tratamento e controle das reações hansênicas. Hansen Int. 2007;32(1): 67-70.
Souza, Linton Wallis Figueiredo - Leprosy reactions in discharged patients following cure by multidrug therapy; Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(6):737-739, nov-dez, 2010