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Nomenclatura de neoplasias
19/08/2014
Publicado por: Luis Fernando Johnston Costa
 

Regra geral para nomenclatura

       A nomeação dos tumores baseia-se na sua histogênese e histopatologia. Para os tumores benignos, a regra é acrescentar o sufixo "oma" (tumor) ao termo que designa o tecido que os originou.

Exemplos:

tumor benigno do tecido cartilaginoso – condroma;

tumor benigno do tecido gorduroso – lipoma;

tumor benigno do tecido glandular – adenoma.

        Quanto aos tumores malignos, é necessário considerar a origem embrionária dos tecidos de que deriva o tumor. Quando sua origem for dos tecidos de revestimento externo e interno, os tumores são denominados carcinomas. Quando o epitélio de origem for glandular, passam a ser chamados de adenocarcinomas. Já os tumores malignos originários dos tecidos conjuntivos ou mesenquimais será feito o acréscimo de "sarcoma" ao vocábulo que corresponde ao tecido. Por sua vez, os tumores de origem nas células blásticas, que ocorrem mais freqüentemente na infância, têm o sufixo "blastoma" acrescentado ao vocábulo que corresponde ao tecido original.

Exemplos:

Carcinoma basocelular de face – tumor maligno da pele;

Adenocarcinoma de ovário – tumor maligno do epitélio do ovário;

Condrossarcoma - tumor maligno do tecido cartilaginoso;

Lipossarcoma - tumor maligno do tecido gorduroso;

Leiomiossarcoma - tumor maligno do tecido muscular liso;

Hepatoblastoma - tumor maligno do tecido hepático jovem;

Nefroblastoma - tumor maligno do tecido renal jovem.      

Exceções

  1. Tumores embrionários Teratomas (podem ser benignos ou malignos, dependendo do seu grau de diferenciação), seminomas, coriocarcinomas e carcinoma de células embrionárias. São tumores malignos de origem embrionária, derivados de células primitivas totipotentes que antecedem o embrião tridérmico.
  2. Epônimos São tumores malignos que receberam os nomes daqueles que os descreveram pela primeira vez: linfoma de Burkitt, Doença de Hodgkin, sarcoma de Ewing, sarcoma de Kaposi, tumor de Wilms (nefroblastoma), tumor de Krukemberg (adenocarcinoma mucinoso metastático para ovário).
  3. Nomes complementares: Os carcinomas e adenocarcinomas podem receber nomes complementares (epidermóide, papilífero, seroso, mucinoso, cístico, medular, lobular etc.), para melhor descrever sua morfologia, tanto macro como microscópica: cistoadenocarcinoma papilífero, carcinoma ductal infiltrante, adenocarcinoma mucinoso, carcinoma medular, etc.
  4. Epitélios múltiplos Os tumores, tanto benignos como malignos, podem apresentar mais de uma linhagem celular. Quando benignos, recebem o nome dos tecidos que os compõem, mais o sufixo "oma": fibroadenoma, angiomiolipoma, etc. O mesmo é feito para os tumores malignos, com os nomes dos tecidos que correspondem à variante maligna: carcinossarcoma, carcinoma adenoescamoso, etc. Outras vezes encontram-se ter componentes benigno e maligno, e os nomes estarão relacionados com as respectivas linhagens: adenoacantoma (linhagem glandular maligna e metaplasia escamosa benigna).
  5. Sufixo indevido: Algumas neoplasias malignas ficaram denominadas como se fossem benignas (ou seja apenas pelo sufixo "oma") por não possuírem a correspondente variante benigna: melanoma, linfomas e sarcomas (estes dois últimos nomes representam classes de variados tumores malignos).
  6. Outros: Algumas vezes, a nomenclatura de alguns tumores escapa a qualquer critério histogenético ou morfológico: mola hidatiforme (corioma) e micose fungóide (linfoma não Hodgkin cutâneo).

Código Internacioal de Doenças

        Tentando uniformizar a nomenclatura tumoral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem lançado, em vários idiomas, edições da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). Por ela, é possível classificar os tumores por localização (topografia) e nomenclatura (morfologia), dentro de códigos de letras e números, sendo usada por especialistas em todo o mundo. Os procedimentos oncológicos da APAC correlacionam-se com tumores classificados pelos códigos de C00 a C97 e D37 a D48, embora não obrigatoriamente todos os incluídos entre esses intervalos.

 Resumo da Origem e Nomenclatura dos Tumores

Origem

Benigno

Maligno


A - Tecido epitelial

Revestimento

 papiloma

carcinoma

Glandular

adenoma

adenocarcinoma


B - Tecido conjuntivo

Fibroso

fibroma

fibrossarcoma

Mixóide

mixoma

mixossarcoma

Adiposo

lipoma

lipossarcoma

Cartilagem

condroma

condrossarcoma

Vasos sangüíneos

hemangioma

hemangiossarcoma

Glômus

glomangioma

-

Pericitos

hemangiopericitom

h. maligno

Vasos linfáticos

linfangioma

linfangiossarcoma

Mesotélio

-

mesotelioma maligno

Meninge

meningioma

meningioma maligno


C - Tecido Hemolinfopoético

Mielóide

-

leucemia

Linfóide

-

leucemia, linfomas, plasmocitoma/mieloma

Células de Langerhans

-

histiocitose X


D - Tecido Muscular

Liso

leiomioma

leiomiossarcoma

Estriado

rabdomioma

rabdomiossarcoma


E - Tecido Nervoso

Neuroblasto ou neurônio

ganglioneuroma

glanglioneuroblastoma

neuroblastoma

simpaticogonioma

Células gliais

-

gliomas

Nervos periféricos

neurilemoma

neurilemoma

Neuroepitélio

-

ependimoma

 

F - Melanócitos

-

melanoma

 

G - Trofoblasto

mola hidatiforme (corioma)

coriocarcinoma

 

H - Células Embrionárias      Totipotentes

teratoma maduro (cisto dermóide)

teratoma imaturo (maligno)


Fonte: Manual de Bases Técnicas APAC/ONCO, disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/decas/neoplas.mansia.htm