Introdução
O vírus Ebola está entre os patógenos mais virulentos que afetam humanos, causando febre hemorrágica que culminam, muitas vezes, em choque séptico fulminante. Epidemias do vírus na África alcançaram taxas de 80 a 90% de mortalidade, já que não há terapias ou tratamentos disponíveis para humanos. Algumas doenças utilizadas como diagnóstico diferencial incluem: Febre Marburg, Febre de Rift Valley, febre amarela, dengue, entre outras. Pesquisas sugerem uma forte ligação entre exposição a morcegos e o desenvolvimento de febre hemorrágica. As infecções por Ebola são caracterizadas por supressão imunológica e resposta inflamatória sistêmica, que causam prejuízos para a vascularização, a coagulação e a para a imunidade, podendo levar a falência múltipla de órgãos e ao choque.
Transmissão
Exposição a morcegos - contato com secreções ou excreções de morcegos. O consumo da carne de morcegos frugívoros é uma iguaria muito apreciada em certas regiões africanas, tornando-se uma via direta de propagação da epidemia de Ebola na África.
Interpessoal - ocorre por contato direto com fluídos corporais contaminados com o vírus, como sangue, vômito, urina, fezes e, provavelmente, suor. Grande parte dos afetados pela doença são parentes das vítimas iniciais dos surtos, que se contaminam ao cuidar do paciente sem os devidos cuidados de proteção individual e ao preparar o corpo para o enterro. Profissionais da saúde também apresentam altas taxas de infecção se o paciente não for corretamente diagnosticado desde o princípio dos sintomas e não tomarem as medidas de proteção adequadas. Experimentos em laboratório indicam que o vírus pode iniciar a infecção por várias rotas, incluindo a ingestão, inalação ou passagem por rupturas na pele. Contudo, estudos epidemiológicos mostraram que o agente infeccioso raramente é transmitido pela via respiratória.
Patogênese
Células dendríticas e macrófagos são, geralmente, as primeiras células a serem infectadas. O vírus replica-se dentro destas células-sentinelas, causando a sua necrose e liberação de um alto número de novos vírus no fluído extracelular, principalmente em tecidos linfáticos. O Ebola causa uma síndrome inflamatória sistêmica devido a extensa destruição tecidual, induzindo a liberação de citocinas, quimiocinas e outros mediadores pró-inflamatórios.
Os defeitos de coagulação observados na febre hemorrágica do Ebola são induzidos indiretamente; os macrófagos infectados sintetizam fatores teciduais que desencadeiam a via da coagulação extrínseca e são mais estimulados pelas citocinas pró-inflamatórias, o que explica o rápido desenvolvimento e a severidade da coagulopatia na infecção.
Manifestações clínicas
O período de incubação geralmente é de 5 a 7 dias, podendo chegar a 2 semanas. Os sintomas iniciais são:
1. Febre abrupta e calafrios, podendo ser acompanhada por bradicardia
2. Tosse não produtiva e faringite
3. Mal-estar geral
4. Dor de cabeça
5. Dor nos músculos do tronco, na região lombar e no abdômen
6. Náuseas, vômitos, diarreia
7. Hiperemia conjuntival
8. Coloração vermelho-escura no palato mole
Pacientes com titulações elevadas ou crescentes de vírus Ebola na corrente sanguínea são propensos a morrer; em sobreviventes, a viremia costuma ser resolvida durante a segunda semana de doença, com o aparecimento de anticorpos específicos do vírus. A consequente formação de complexos antígeno-anticorpo pode causar artralgia aguda e outros sintomas.
Os achados clínicos que predizem um resultado fatal incluem evidências de perda grave de volume intravascular, anormalidades metabólicas e fornecimento de oxigênio prejudicado, que se manifestam como taquipnéia, anúria, delírio, coma e choque irreversível.
Referências
Bray, Mike - Epidemiology, pathogenesis, and clinical manifestations of Ebola and Marburg hemorrhagic fever. UpToDate
Feldmann H, Geisbert TW - Ebola haemorrhagic fever. Lancet. 2011;377(9768):849.