Adenomas Hipofisários – Prolactinomas
Anna Beatriz Perdigão Cordeiro
A hipófise, ou “glândula mestra”, produz seis hormônios: prolactina, hormônio de crescimento (GH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio estimulante da tireóide (TSH). Esses hormônios são liberados de maneira pulsátil, estimulados pelo hipotálamo e cada um deles age produzindo respostas específicas de tecidos periféricos alvo.
Anatomia
Pesa aproximadamente 600mg e está localizada na cela túrcica, contígua a várias estruturas vasculares e neurológicas, como o seio cavernoso e o quiasma óptico. Assim, uma expansão patológica dessa glândula produz importantes efeitos de massa, além dos achados endocrinológicos.
O hipotálamo secreta substâncias estimulantes e inibidoras nos vasos do pedúnculo hipofisário.
Hipopituarismo
É resultado de produção insuficiente de um ou mais hormônios da hipófise anterior. Pode ser causado por alterações herdadas ou adquiridas. Alguns exemplos são: Displasia hipofisária, Síndrome de Kallman, Síndrome de Bardet-Biedl, Síndrome de Prader-Willi, lesões hipotalâmicas e hipofisárias por doenças como sarcoidose, amiloidose, hemocromatose, entre outras, lesões causadas por inflamação, irradiação craniana, hipofisite linfocítica, apoplexia hipofisária e sela vazia.
Tumores hipofisários
Adenomas hipofisários são a causa mais comum tanto de hiper, como de hipossecreção hipofisária em adultos. Totalizam cerca de 15% das neoplasias intracranianas.
Patogênese
São neoplasias que surgem de um dos cinco tipos de células presentes na hipófise anterior. Os fenótipos clínicos e bioquímicos irão depender do tipo de célula que deu origem ao adenoma. Esses tumores podem possuir produção hormonal independente, quando não respondem ao feedback negativo. Além disso, a produção hormonal não possui correlação com o tamanho do adenoma, podendo haver pequenos tumores com grandes manifestações clínicas e vice-versa.
Testes para avaliar função hipofisária:
Prolactina basal
IGF-1
Cortisol urinário de 24h ou cortisol matinal após supressão com 1mg de dexametasona
FSH e LH
Hormônios tireoideanos
Avaliações hormonais adicionais podem ser indicadas, dependendo do resultado desses testes.
A terapêutica para tumores hipofisários é específica e depende do tipo de tumor. Para prolactinomas, o tratamento de escolha é o uso de agonistas dopaminérgicos, como a cabergolina. Para acromegalia, são utilizados análogos da somatostatina e, eventualmente, agonistas dopaminérgicos. Tumores que secretam ACTH, em geral, não respondem bem à terapia farmacológica, então, o tratamento é feito através de cirurgia ou radioterapia.
Prolactinomas
A hiperprolactinemia é a síndrome de hipersecreção pituitária mais comum, tanto em homens, quanto em mulheres. Os prolactinomas, adenomas hipofisários secretores de prolactina, são a causa mais comum de níveis de prolactina acima de 100 μg/L. Níveis mais baixos de elevação da prolactina podem ocorrer devido a microprolactinomas, mas, em geral, são decorrentes do uso de medicamentos ou hipotireoidismo.
Amenorreia, galactorreia e infertilidade são os sinais clássicos da hiperprolactinemia nas mulheres.
O tratamento depende da causa da elevação desse hormônio. Independente da etiologia, ele deve ser voltado para a normalização dos níveis hormonais para que cessem os efeitos supressores sobre as gônadas, a galactorreia e para preservar a densidade óssea.
Os microadenomas raramente se transformam em macroadenomas e, se a paciente não desejar ter filhos, o tratamento pode não ser feito. Reposição de estrogênio pode ser usada para reduzir o dano ósseo. Os pacientes devem ser acompanhados clinicamente, através da dosagem de prolactina sérica e da realização de RM para vefiricar se há crescimento do tumor.
Efeitos colaterais do uso de agonistas dopaminérgicos incluem constipação, boca seca, pesadelos, insônia e vertigem. A diminuição da dose geralmente alivia os sintomas. Os efeitos são menos presentes com a cabergolina. Há relatos raros de leucopenia, trombocitopenia, fibrose pleural, hepatite e arritmias cardíacas.
A indicação cirúrgica é feita em casos de resistência ou intolerância ao tratamento farmacológico, ou presença de invasão de um macroadenoma que leve a um comprometimento da visão que não melhora após tratamento com drogas.
Referências Bibliográficas:
Harrison's Endocrinology - J. Larry Jameson, second edition