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O Tecido Conjuntivo e o Sistema Musculoesquelético
11/03/2014
Publicado por: Joana Thaynara Torres Viana

Estrutura, Biomecânica e as Doenças do Aparelho Locomotor

Autor: Joana Thaynara Torres Viana

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Tecido Conjuntivo

O tecido conjuntivo é constituído por abundante quantidade de matriz extracelular, além de células, fibras colágenas, elásticas e reticulares. Suas principais células são:

- Fibroblastos: precursores do fibrócito; responsáveis pela síntese de proteínas fibrosas e não fibrosas, como as glicoproteínas e proteoglicanos da matriz intercelular.

- Condrócitos: sintetizam e secretam componentes da cartilagem, como os glicosaminoglicanos e o colágeno.

- Osteoblastos: precursores dos osteócitos (responsáveis pela síntese do tecido ósseo); junto com os osteoclastos (reabsorção óssea), regulam o metabolismo ósseo.

- Células sinoviais: revestem internamente a maioria das articulações; responsáveis pela produção do líquido sinovial e de células tipo B ou fibroblasto-like e células tipo A ou macrófago-like.

 

Matriz extracelular

Material amorfo e heterogêneo que ocupa o espaço entre as células e fibras do tecido conjuntivo, sendo produzido, principalmente, por fibroblastos e condrócitos. Seus principais constituintes são os glicosaminoglicanos (GAG) e os proteoglicanos. Os GAG carregados negativamente atraem cátions Na+ que, por sua vez, atraem água, o que torna a substância intercelular amorfa hidratada e mais resistente à compressão.

Proteoglicanos

São macromoléculas compostas por um núcleo proteico no qual há um ou mais dos quatro tipos diferentes de GAG.

Eles resistem à compressão, retardam o movimento rápido de microorganismos e células metastáticas, associam-se à membrana basal e servem como filtros.

Fibras Colágenas

O colágeno é uma escleroproteína, a mais abundante do corpor humano. A função das fibras colágenas é manter a integridade estrutural do tecido conjuntivo, promover a agregação plaquetária, a organogênese, a quimiotaxia e a filtração. Defeitos nessas fibras são a causa de doenças como Artrite Reumatoide, Osteoartrite, Esclerose Sistêmica, “Osteogenesis imperfecta”, Síndrome de Ehlers-Danlos, entre outras.

Fibras Elásticas

São produzidas pelos fibroblastos e, em circunstâncias especiais, pelas células musculares lisas dos vasos sanguíneos e, nas cartilagens elásticas, pelos condroblastos.

Existem 3 tipos de fibras: oxitaçânica, elaurínica e elástica. Elas se desenvolvem em estágios sucessivos e são mais finas que aquelas formadas pelo colágeno.

A elastina é o segundo maior componente fibroso do tecido conjuntivo e é altamente flexível, oferecendo menor resistência à tração do que o colágeno.

Fibras Reticulares

São abundantes no tecido embrionário e em alguns tecidos conjuntivos de organismos adultos, como baço, linfonodos, fígado, medula óssea, onde formam uma delicada rede. Sua função biológica é formar uma rede de sustentação em torno de adipócitos, pequenos vasos e nervos, formando o estroma dos órgãos hematopoiéticos e linfáticos.

 

Articulações

Classificação quanto ao Movimento:

- Diartrodiais ou Articulações Sinoviais: mais móveis; membrana sinovial forrando a cavidade interna.

- Forma: “bola e soquete”- coxofemorais; “dobradiça” – interfalangianas; “sela” – primeira carpometacarpiana; “plana” – patelofemoral.

- Superfícies articulares normais: congruentes, bem lubrificadas e acolchoadas -> mínimo atrito durante o movimento.

- Movimento:

Monoaxial(um só eixo) – ex: articulação do joelho;

Poliaxial(vários eixos) – ex: articulações coxofemorais e do ombro.

- Sinartroses ou “linhas de sutura”:

- Crânio: placas ósseas separadas por uma fina camada de tecido fibroso, que se interligam de modo a não permitir movimentos, mas permitir o crescimento normal. Quando cessa o crescimento, essas articulações perdem a função e ocorre a fusão óssea.

- Anfiartroses:

- Quando ossos adjacentes são ligados por fibrocartilagem flexível que permite movimentos discretos. Por exemplo: sínfise púbica, algumas porções das articulações sacroilíacas e corpos vertebrais.

Circulação

Há intercomunicação entre os vasos da membrana sinovial, dos músculos, periósteo, cápsula articular, tendões e ligamentos.

Inervação

Não há nervos na cartilagem hialina, sendo a membrana sinovial pobre em inervação. A cápsula articular, almofadas gordurosas, periósteo, ligamentos e os músculos adjacentes possuem extensa rede nervosa. A existência de captação sensorial constante facilita a propriocepção, o que contribui de modo decisivo para controlar a sobrecarga que pode levar à destruição articular.

Difusão

Depende de: peso e raio molecular, carga elétrica, lipossolubilidade, capacidade de ligação a proteínas e grau de interação com moléculas estruturais e não-estruturais das células sinoviais.

Temperatura

É regulada pelo sistema vascular, modificando-se quando ocorre qualquer variação que altere esse fluxo. A velocidade da ação enzimática é função direta da temperatura intra-articular, que é importante na atividade de enzimas proteolíticas capazes de degradar a cartilagem e até o osso subcondral.

Distribuição de carga e força (estresse)

O sistema músculo-cartilagem-osso está adaptado para amortecer o choque mecânico na articulação (a massa muscular absorve a maior parte da onda de choque). Quando se rompe a integridade dessa cadeia, por alteração em qualquer dos componentes , não haverá absorção perfeita do choque, com prejuízo para todo o conjunto e, sobretudo, para a cartilagem, propiciando o aparecimento  de lesões, como fraturas e osteonecrose.

Estabilidade e Pressão Intra-Articular

O tipo e a forma dos ossos justapostos, a ação muscular, os ligamentos, os tendões, a viscosidade do líquido sinovial e a pressão interna negativa contribuem para estabilizar as articulações.

Inflamação, fibrose e restrição dos movimentos tendem a aumentar a pressão interna, tornando-a até superior à atmosférica. Isso provoca o colabamento do leito vascular, causando consequências imediatas para a nutrição articular e herniações através de pontos fracos da cápsula, ou da cobertura cartilaginosa, ou do osso subjacente, dando origem aos cistos sinoviais ou ósseos, conhecidos também como geodas.

Lubrificação

No interior das articulações normais, o coeficiente de fricção baixo facilita o movimento. O líquido sinovial (não depressível) facilita o deslizamento das superfícies articulares. Ele é composto por ácido hialurônico e lubricina (glicoproteína de baixo peso molecular) e está aumentado nas articulações inflamadas. Efusões ou derrames intra-articulares comprometem a microvascularização e promovem isquemia intra-articular.

Efeitos do movimento

O movimento acelera o fluxo sanguíneo e ativa o sistema linfático para retirar macromoléculas, catabólitos e excesso de líquido intra-articular. Em articulações inflamadas, o movimento está reduzido, o que facilita os processos do catabolismo e da fibrose, provocando o encurtamento de ligamentos e da cápsula articular (anquilose), em casos extremos.

Membrana Sinovial

Três camadas celulares cobrindo todo o interior da superfície intracapsular. Suas células de revestimento são de dois tipos: tipo A (macrofágicas) e tipo B (fibroblásticas).

Cartilagem Articular

Tem propriedade elástica, oferecendo baixa fricção durante o movimento articular, além de absorver choques, devido aos mucopolissacárides da matriz e fibras colágenas, elásticas e reticulares. Entretanto, ela não pode se regenerar.

Cápsula Articular

Envolve as juntas sinoviais e define os limites entre tecidos articulares e periarticulares. Cápsulas, tendões e ligamentos são formados por feixes de fibras colágenas do tipo I, alinhadas de acordo com o eixo de maior estresse.

 

Ligamentos e Tendões

- Ligamentos: as articulações periféricas ou mesmo centrais, com planos mais restritos de movimentos normais, são estabilizadas por ligamentos que fazem parte estrutural da cápsula articular. Eles evitam o aparecimento de movimentos secundários indesejáveis, favorecendo a estabilidade articular e facilitando a realização dos movimentos principais.

- Tendões: agem, funcional e anatomicamente, como pontes (ênteses) entre músculos e ossos. Eles são constituídos de feixes longitudinais de colágeno tipo I, interligadas com uma delicada rede de fibras de colágeno tipo III, linfócitos e fibroblastos.

 

Bainhas Tendíneas e Bolsas

- Bainhas tendíneas: os tendões que executam movimentos mais amplos correm no interior de bainhas que impedem a aderência aos tecidos vizinhos ao longo do seu trajeto. A bainha é constituída por colágeno e por células mesenquimais (semelhantes às sinoviais), que favorecem o deslizamento, sobretudo pela produção de ácido hialurônico, que funciona como lubrificante, reduzindo o coeficiente de atrito.

- Bolsas (bursas): são cavidades fechadas, anatomicamente virtuais, revestidas internamente por esparsas células mesenquimais, similares às sinoviais, que facilitam a função de deslizamento.

 

Músculos Estriados

Movimento: contratura sinérgica de vários grupos musculares, agonistas, que se opõem a outros grupos musculares, antagonistas.

 

Ossos

Osso: tecido conjuntivo altamente especializado, metabolicamente ativo, mineralizado pela deposição de cristais de hidroxiapatita em matriz de tecido rica em células, substância intercelular amorfa, fibras elásticas e colágenas. Há dois tipos de osso: compacto (denso) e trabecular (esponjoso).

 

 

Bibliografia: MOREIRA, Caio - Reumatologia Essencial.