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Transtorno do pânico
07/12/2013
Publicado por: Luis Fernando Johnston Costa

 


Introdução - Um paciente com ataques de pânico pode apresentar clássicos e discretos episódios de intenso medo que começam de forma abrupta e podem persistir por minutos até horas. Podem apresentar também sintomas autonômicos, como dor no peito e respiração encurtada. Os ataques de pânico geralmente não são difíceis de diagnosticar, dado o alto grau de medo apresentado.

A síndrome, ou transtorno do pânico, é aproximadamente duas vezes mais comum em mulheres e pode vir acompanhada de intenções suicidas.


Patogênese  inclui fatores de vulnerabilidade e predisposição, como genética, estresse, adversidades ocorridas durante a infância e vários fatores ligados a aspectos da personalidade, como sensibilidade a ansiedade, e neuroticismo, composto por quatro sub-dimensões que avaliam sintomas e predisposições a: depressão, ansiedade, vulnerabilidade e desajustamento psicossocial. A associação de fatores predisponentes com estresses sociais podem precipitar o desenvolvimento dos ataques.


Genética –

1.      Parentes de primeiro grau de pacientes com síndrome do pânico apresentam características da doença em 18 a 41 % dos casos.

2.      Estudos com gêmeos apresentaram alta concordância para monozigóticos em comparação com gêmeos dizigóticos, com uma sugestão de hereditariedade de aproximadamente 40%


Temperamento o neuroticismo, bastante associado com a síndrome é um aspecto da personalidade associado com baixa resiliência ao estresse e manifestações de grande reatividade aos fatores estressantes. Já a sensibilidade a ansiedade é uma medida do medo de que os efeitos da ansiedade sejam na verdade acontecimentos mais graves, como quando o paciente confunde a taquicardia com um ataque cardíaco.


Adversidades na infância o histórico de abusos físicos e/ ou sexuais é apontado como um dos principais fatores sociais predisponentes. Asma na infância se apresentou como um fator importante no desenvolvimento da doença na vida adulta.


Fatores de estresse  muitos indivíduos com ataques de pânico passaram por eventos com alto grau de estresse, como fatos incontroláveis e indesejáveis que causaram redução da auto-estima, eventos que causaram risco à vida (acidentes, traumas, assaltos, doenças físicas) e o adoecimento ou  morte de amigos/parentes.

Pesquisas tem focado em áreas específicas da amigdala ou hipotálamo como desencadeadoras neurais dos ataques, sugerindo que os pacientes podem ter áreas hiperexcitáveis, que os tornam mais suscetíveis a sintomas de pânico não provocados, ou seja, não ligados diretamente a fatos estressantes, como o simples contato com dióxido de carbono, cafeína, lactato e outros.

A amígdala, estrutura localizada no lobo temporal, é considerada como um dos principais locais de estudo por integrar informações sensoriais do ambiente através do tálamo e córtex sensorial, informações alocadas de experiências principais via córtex frontal e hipocampo e os caminhos eferentes para uma grande variedade de regiões cerebrais.


Sintomas somáticos

1.      Cardíacos: 22% apresentam dor no peito, 25% taquicardia

2.      Neurológicos: 20% tem dor de cabeça, 18% tontura e 9% desmaios e pseudoconvulsões

3.      Gastrointestinal: 15% com dor epigástrica

Outro importante distúrbio comportamental associado é a agorafobia, ou seja , a ansiedade sobre estar em locais aberto, onde a ajuda pode não estar disponível, ou onde pode ser difícil sair da situação em caso de desenvolver sintomas do pânico ou outros sintomas embaraçosos ou incapacitantes.

A identificação de pacientes com transtornos somáticos exige questões sobre a existência de sintomas crônicos desde a adolescência, história familiar de mulheres com sintomas de doenças somáticas , história familiar de homens com transtorno anti-social de personalidade ou problemas de abuso de substâncias, histórias familiares caóticas , abuso sexual ou físico na infância, negligência emocional , abuso de medicamentos , falta de resiliência ao estresse e abuso de drogas ilícitas ou álcool.


Critérios para o diagnóstico clínico segundo o DSM-5

1.      Palpitações, taquicardia

2.      Sudorese

3.      Tremores

4.      Sensação de falta de ar ou sufocamento

5.      Dor ou desconforto no peito

6.      Náusea ou desconforto abdominal

7.      Tonturas, instabilidade, fraqueza

8.      Calafrios ou sensações de calor

9.      Parestesias

10.   Sensações de irrealidade ou despersonalização (distanciamento de si mesmo)

11.   Medo de perder o controle, enlouquecer ou morrer

A prioridade ao atender pacientes com suspeitas de distúrbio do pânico deve ser analisar as possíveis condições médicas que mimetizam os sintomas característicos do pânico. As principais condições são:

1.      Angina e/ou arritmias

2.      Doença pulmonar obstrutiva crônica

3.      Epilepsia do lobo temporal

4.      Embolia pulmonar

5.      Asma

6.      Hipertireoidismo

7.      Feocromocitoma

8.      Efeitos colaterais de tratamentos


Medicamentos - Várias classes de medicamentos têm demonstrado eficácia comprovada para o transtorno de pânico, incluindo os inibidores seletivos da recaptação da serotonina ( SSRIs) , os inibidores da recaptação da serotonina - norepinefrina ( IRSN ) , antidepressivos tricíclicos ( TCADs ) , os inibidores da monoamina oxidase ( IMAO) e benzodiazepínicos . Estas drogas diferem na efetividade, no perfil dos efeitos secundários, e, no caso das benzodiazepinicas , no seu potencial para o abuso/vício. 


Fontes:

Katon,Wayne; Ciechanowski, Paul - Panic disorder: Epidemiology, pathogenesis, clinical manifestations, course, assessment, and diagnosis

Peter P. Roy-Byrne, MD - Pharmacotherapy for panic disorder