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Defeitos da parede abdominal
02/08/2013
Publicado por: Sarah Gomes Diógenes

A principal função da parede abdominal é proteger e abrigar as vísceras. Além disso, ela auxilia os movimentos respiratórios, a micção e a evacuação. Os defeitos na parede abdominal ocorrem por fechamento incompleto dos músculos ao nível da linha média.

·         Onfalocele

A onfalocele ocorre quando há presença de alças intestinais fora da cavidade celomática, que normalmente retornam A essa cavidade em torno da décima semana de vida intrauterina. Há um saco constituído pelo peritônio parietal e uma membrana amniótica que recobrem as vísceras exteriorizadas (estômago, intestino e fígado). Uma característica dessa patologia é que o cordão umbilical é inserido no próprio defeito em continuidade com a membrana amniótica. Alguns fatores genéticos estão relacionados com essa patologia, sendo ela manifestada normalmente com outras más formações tetralogia de Fallot, CIA, hérnia diafragmática, atresias, estenose, volvos, entre outros.

- Fisiopatologia: normalmente, há defeito na rotação intestinal e no acolamento do duodeno e cólons ascendente e descendente. Nos casos em que ocorre rompimento da membrana, há aumento da gravidade da moléstia propiciando infecções, perda de plasma e diminuição da perfusão tecidual.

- Diagnóstico: US materno, sendo confirmado com a inspeção do recém-nascido.

- Tratamento: não se deve antecipar o parto, que deve ser realizado pela via obstétrica. Se necessário, deve ser realizado sonda nasogástrica de alívio. Quando a cirurgia for indicada, ela deve ser realizada precocemente. A cirurgia realizada é o fechamento total da parede abdominal por planos após a redução de as vísceras para dentro da cavidade. Outra opção de tratamento é a ampliação da cavidade abdominal graças às secções transversais da aponeurose anterior do abdome e dos músculos retoabdominais realizando uma grande hérnia. Existe ainda um tratamento conservador nos casos da onfalocele de grandes proporções com membrana amniótica íntegra. Nesse tratamento conservador, são realizados 3 a 4 curativos por dia com gaze embebida em álcool absoluto ou iodopovidine. Formam-se crostas que, ao fim de algumas semanas, estarão epitelizadas, ao mesmo tempo em que deverá ocorrer redução parcial das vísceras para dentro da cavidade abdominal. Esse tipo de tratamento conservador, entretanto, tem sido abandonado por possibilitar o desenvolvimento de infecções sistêmicas.

·         Gastroquise

Na gastroquise, ocorre a exteriorização do estômago e/ou das alças intestinais por defeito da parede abdominal à direita do cordão umbilical, sem saco herniário cobrindo as vísceras.

- Fisiopatologia: há defeito na rotação intestinal e no acolamento do duodenal e dos cólons ascendentes e descendentes e a serosa peritoneal fica espessada. Na gastroquise, raramente ocorre exteriorização do fígado e raramente está associada a outras más formações.

- Diagnóstico: US materno, sendo confirmado com a inspeção do recém-nascido.

- Tratamento: não se deve antecipar o parto, que deve ser realizado pela via obstétrica. Se necessário, deve ser realizado sonda nasogástrica de alívio. Quando a cirurgia for indicada, ela deve ser realizada precocemente. A cirurgia realizada é o fechamento total da parede abdominal por planos após a redução de as vísceras para dentro da cavidade. Outra opção de tratamento é a ampliação da cavidade abdominal graças às secções transversais da aponeurose anterior do abdome e dos músculos retoabdominais realizando uma grande hérnia.

·         Hérnia Umbilical

Na hérnia umbilical, ocorre o fechamento incompleto da aponeurose dos músculos retos abdominais ao nível da cicatriz umbilical, possibilitando a protusão de alças intestinais ou gordura pré-peritoneal que ficam cobertas apenas por peritônio parietal e pele.

-Fisiopatologia: há um fechamento do anel umbilical com involução dos componentes do cordão umbilical. Está associado ao cretinismo, mongolismo, entre outros.

-Diagnóstico: inspeção, palpação e avaliação do anel herniário.

- Tratamento: Pode haver cura espontânea até dois anos de idade (normalmente a hérnia umbilical é mais difícil de se fechar espontaneamente  se o anel herniário for maior que um centímetro, se houver fibrose na borda do anel ou se a protusão herniária for muito grande). Quando necessário, deverá ser realizado um cirurgia redutora, que consiste em um incisação infraumbilical semilunar com isolamento e ressecção do saco herniário, seguida de sutura do plano aponeurótico. É muito raro o estrangulamento do conteúdo intestinal na hérnia, sendo, por isso, excepcional a cirurgia de urgência nessa afecção.

·         Hérnia supra umbilical (epigástrica)

Localiza-se na linha-média entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. A hérnia supra umbilical ocorre quando há herniação de pequena gordura pré-peritoneal por defeito na aponeurose anterior do abdome.

- Fisiopatologia: estiramento da aponeurose anterior, por aumento da pressão abdominal, e os orifícios oriundos da penetração de vasos por meio da aponeurose são os fatores responsáveis pela formação das hérnias epigástricas. 

- Tratamento: cirurgia (sutura do defeito aponeurótico).

 

 

Referência:

- Doenças Cirúrgicas da Criança e do Adolescente – Coleção Pediatria do Instituto da Criança FMUSP. Uenis Tannuri. Editora: Manole, 2010