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Desconforto Respiratório Neonatal
02/07/2013
Publicado por: Caio Mayrink

Desconforto respiratório neonatal

Autor: Caio Mayrink

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Vários avanços foram feitos nos últimos anos no campo da Neonatologia possibilitando melhor suporte respiratório aos recém-nascidos. Apesar desses avanços, as afecções respiratórias constituem ainda a causa mais importante de morbi-mortalidade neonatal.

Faz-se necessário enaltecer a relação entre a melhora da assistência respiratória e o emprego de técnicas e condutas obstétricas ativas nos casos de parto pré-termo, como a administração de corticoide antenatal para induzir a maturação pulmonar.

 

Síndrome do Desconforto Respiratório

 

Também conhecida como Membrana Hialina, a SDR é a afecção respiratória mais prevalente em prematuros, especialmente quando < 28 semanas.

 

Critérios clínicos

Prematuridade ou imaturidade pulmonar

Inicio de desconforto respiratório nas 3 primeiras horas de vida

Necessidade de suporte ventilatório (CPAP ou ventilação mecânica) por mais de 24h

Radiografia de tórax com opacidade difusa retículo-granular ("vidro fosco") e broncogramas aéreos

Prevenção

A principal forma de prevenção, além do adequado acompanhamento pré-natal afim de identificar e tratar fatores de risco para o parto prematuro, é a administração de corticóides antenatais.

Devem ser administrados pelo menos 24h antes do parto de gestantes entre 24 e 34 semanas de idade gestacional. Nos casos de uso de tocolíticos para adiar parto prematuro e rotura prematura de membranas fetais, está indicado o tratamento profilático da Síndrome do Desconforto Respiratório com corticóides intramusculares. Não está indicado no trabalho de parto iminente.

Tratamento

O tratamento se inicia na sala de parto com suporte avançado de vida e equipe treinada em reanimação neonatal. Inicia-se precocemente oferta de oxigênio com pressão positiva contínua (CPAP) para prevenir o colabamento de alvéolos pobres em surfactante.

O CPAP está indicado em qualquer RN abaixo de 1500g com qualquer sinal de desconforto respiratório e em criança com Sat O2 < 89% em uso de oxigênio inaladoras a 40% (oxi-Hood ou cateter nasal).

A ventilação mecânica (normalmente intubação) em modo assisto/controlado está indicada quando houver:

Falha do CPAP

pCO2 > 60mmhg

Acidose (pH > 7,2)

Apneias recorrentes

O surfactante exógeno é ofertado a todo RN com peso < 1000g que necessitem de intubação orotraqueal na primeira hora de vida. Nos demais casos, administra-se o surfactante nas crianças com membrana hialina comprovada e em ventilação mecânica invadida logo nas primeiras horas de vida.

 

Síndrome da Aspiração Meconial

 

SAM é uma pneumonite aspirativa com um fator complicador: a presença de mecônio no liquido amniótico aspirado. Está relacionada com sofrimento fetal, asfixia perinatal e idade gestacional acima de 40 semanas.

 

Critérios clínicos

Liquido amniótico meconial

Mecônio na traquéia

Desconforto respiratório nas primeiras horas de vida

Radiografia de tórax com opacidades grosseiras

Conduta na sala de parto

Alterações da vitalidade fetal associadas a líquido amniótico meconial são sinônimos de resolução imediata do parto para evitar asfixia perinatal e consequente aspiração meconial.

criança banhada em mecônio com respiração irregular e/ou freqüência cardíaca < 100 bpm e/ou hipotonia devem seguir com protocolo de reanimação neonatal em berço com fonte de calor irradiante:

1) Aquecer a 36,5ºC

2) Leve extensão cervical

3) Aspirar hipofaringe

4) Secar com compressas mornas e remover panos úmidos

5) Intubação para aspiração traqueal

6) Ventilação com pressão positiva

Tratamento

Antibioticoterapiaprofilática com aminoglicosídeo e penicilina está sempre indicada devido ao alto risco de infecção em árvore respiratória com mecônio.

CPAP está indicado quando houver desconforto respiratório.

Proceder com ventilação mecânica quando houver:

Falha do CPAP

Acidose com pH > 7,2

pCO2 > 60 mmHg

Apneias recorrentes

Surfactante exógeno está indicado nos casos graves e óxido nítrico inalatório quando houver associação com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP).

 

Taquipneia Transitória do Recém-nascido

 

Também conhecida com síndrome do pulmão úmido, é a causa mais comum de insuficiência respiratória no período neonatal. Normalmente acomete prematuros tardios que nasceram de cesariana eletiva.

Tem como marco fisiopatológico o retardo da absorção do líquido pulmonar após o nascimento.

As características clínicas são:

·         Desconforto respiratório nas primeiras horas de vida

·         Imagem radiológica de congestão peri-hilar bilateral e simétrica

 

A conduta é basicamente de suporte com oxigênio suplementar, pois geralmente o quadro é benigno e autolimitado. Quando houver hipoxemia ou Sat O2 < 89%, indica-se CPAP.

 

Hipertensão Pulmonar Persistente Neonatal

 

É a hipoxemia grave devido ao shunt direito-esquerdo secundário a forame oval ou persistência do canal arterial (PCA). Desequilíbrio de substâncias vasoconstritoras e vasodilatadoras promove alterações da vasculatura pulmonar, diminuindo o fluxo arterial intrapulmonar.

O achado radiológico típico é o pulmão preto, devido à pobreza de líquido (sangue) no parênquima pulmonar.

O tratamento é feito com óxido nítrico inalatório.

 

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Bibliografia: Pediatria – Diagnóstico e Tratamento. UNIFESP e Escola Paulista de Medicina. Editora Manole. 2013