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Incontinência Fecal
07/05/2013
Publicado por: Caio Mayrink

Autor: Lucas Araujo

 

Introdução

Definimos a incontinência fecal como a perda do controle esfincteriano ou como a inabilidade de se postergar uma evacuação. Esse processo resulta na perda involuntária e inesperada de gases e fezes (estejam elas em estado líquido ou sólido). A incontinência fecal só pode ser assim caracterizada em indivíduos com idade superior a 4 anos. Essa condição se apresenta mais comumente nos indivíduos mais velhos e nas mulheres, pois estas podem sofrer alterações em seu assoalho pélvico quando são submetidas a procedimentos obstétricos. O processo de continência fecal é dependente de uma integração complexa de alguns fatores a esclarecer:

- Ação integrada da musculatura, tanto da esfincteriana anal quanto do assoalho pélvico

- Coxim mucoso anal

- Reflexo inibitório reto-anal

- Capacidade, complacência e sensibilidade retal

- Consistência das fezes

- Tempo de trânsito intestinal

Se o indivíduo estiver com alguma alteração de desestabilize algum desses mecanismos, ele pode apresentar uma incontinência fecal.

 

Etiopatogenia

A incontinência fecal pode ser uma entidade multifatorial. As causas traumáticas são as mais comuns, por exemplo, dilatação vigorosa do canal anal e em procedimentos cirúrgicos em fissuras, fístulas e hemorróidas. Nas mulheres, como foi anteriormente citado, os procedimentos obstétricos se apresentam como causas importantes. Algumas outras causas de incontinência fecal são:

- Tumores
- Espinha bífida
- Síndrome do descenso perineal
- Esclerodermia
- Uso abusivo de laxantes
- Neuropatia pudenda, dentre outras.
 
 
Diagnóstico
 
É sempre muito importante dispormos de uma boa história clínica para nos direcionar ao diagnóstico correto dos nossos pacientes. No caso da incontinência fecal, podemos contar também com alguns exames complementares, como a manometria anorretal, a ultrassonografia do canal anal (considerado o padrão-ouro, pois permite uma avaliação clara e simples da musculatura esfincteriana, além de ser indolor), eletromiografia, videodefecografia e estudo do tempo de latência dos nervos pudendos.
 

Tratamento

Dependendo da severidade da incontinência fecal apresentada pelo paciente, podemos indicar o tratamento conservador ou cirúrgico. As medidas conservadoras se baseiam na reeducação alimentar, onde se objetiva a introdução de agentes formadores do bolo fecal, e medicamentos para tratamento da diarréia ou outras causas da incontinência. Outras opções disponíveis são o biofeedback anal e a eletroestimulação anal. Quando essas medidas são ineficazes, podemos lançar mão de métodos mais invasivos, como por exemplo:

Utilização de agentes de preenchimento

Baseia-se na injeção de silicone ou carbono carbolítico no espaço interesfincteriano e submucoso. Apresenta a vantagem de poder ser feito em ambiente ambulatorial. Possíveis complicações são dor e sangramento local.

Radiofreqüência

Atua através da criação de um processo de fibrose no canal anal. Útil nos casos de incontinência leve e moderada.

Neuromodulação

Como o próprio nome diz, é utilizada nos casos de neuropatias e desnervação do assoalho pélvico. Quando essas medidas não funcionam ou quando o grau de incontinência é severo, deve partir para o tratamento cirúrgico. O procedimento mais utilizado é a esfincteroplastia, mas dispomos também de outras opções, como o transplante muscular (usando o glúteo) e o implante de prótese perianal.

 

Fonte: www.progastro.com.br ; Rev.