Autor: Danni Wanderson
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um transtorno funcional do trato gastrointestinal (TGI) caracterizado por dor e/ou desconforto abdominal e hábitos intestinais alterados cronicamente sem que haja qualquer evidência de alterações bioquímicas, metabólicas ou estruturais no TGI.
Epidemiologia
§ Atinge 10-20% da população
§ Predomina no sexo feminino (3:1)
§ Acomete todas as idades (maioria antes dos 45 anos)
§ Corresponde a cerca de 30% dos atendimentos ambulatoriais em gastroenterologia
Fisiopatologia
Pouco se sabe sobre a patogenia da SII. Há evidências científicas que sugerem a participação conjunta de 3 alterações em mecanismos fisiológicos:
• Alterações de motilidade do TGI
• Hipersensibilidade visceral do TGI
• Processamento sensorial alterado no SNC
A dor em cólica característica dos indivíduos com SII resulta de contrações anormalmente fortes da musculatura lisa intestinal ou da sensibilidade indevida à distensão do intestino.
Muitos dos pacientes com SII que procuram atendimento médico possuem algum tipo de acometimento psiquiátrico mas não existe predominância de um diagnóstico psiquiátrico.
Há relação comprovada entre o desenvolvimento de SII e a gastroenterite bacteriana sendo que 25% dos indivíduos acometidos por este tipo de infecção desenvolvem SII.
Manifestações clínicas
• Dor abdominal em cólica recorrente.
• Alterações do hábito intestinal: Alternância entre prisão de ventre e diarréia, geralmente com predominância de um desses sintomas.
• Outras queixas no TGI: Gases, flatulência, náuseas, vômitos, flatulência, dispepsia, pirose e etc.
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é preciso excluir outras causas. A identificação da síndrome clínica deve ser feita usando critérios diagnósticos como o de Roma III (o mais usado):
1. Descartar causas orgânicas e endocrinometabólicas
2. Nos últimos 3 meses, pelo menos 3 dias por mês de episódios de dor ou desconforto abdominal com mais pelo menos 2 das seguintes características:
- aliviada pela evacuação
- início associado à mudança na freqüência das evacuações
- início associado à mudança na forma (aparência geral) das fezes.
Tratamento
A primeira medida a ser tomada no tratamento de pacientes com SII é certificá-los da natureza funcional do distúrbio, da sua cronicidade e das maneiras de como o paciente pode evitar os agentes desencadeantes presentes como alguns tipos de alimentos, o álcool, o tabagismo e estressores.
A dieta rica em fibras e a suplementação dietética com fibras pode ser benéfica.
Em termos farmacológicos os medicamentos devem ser utilizados de acordo com o tipo de apresentação clínica do paciente, podendo o médico utilizar: Antiespasmódicos, antidiarréticos, antidepressivos e laxativos.
Os agonistas serotoninérgicos do receptor 5-HT4 podem ser usados em casos de SII com constipação.
Os antagonistas serotoninérgicos 5-HT3 podem ser usados pois agem reduzindo a hipersensibilidade visceral sendo úteis no combate à dor abdominal.
Fonte: Harrison - Medicina Interna - 15ª edição
Gastroenterologia e Hepatologia: sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento - Milton de Castro Lima