Tópicos

< Voltar

Colite Pseudomembranosa
07/05/2013
Publicado por: Caio Mayrink

Autor: Luana Silva Bessa Guimarães

 

Definição

Processo inflamatório induzido por toxinas bacterianas e caracterizado pelo desenvolvimento de placas exsudativas aderidas à superfície da mucosa colônica inflamada.

Normalmente é causada pelas toxinas do Clostridium difficile, um comensal normal do intestino, e costuma ocorrer após antibioticoterapia de amplo espectro. Os principais antibióticos relacionados a essa patologia são ampicilinaclindamicina e cefalosporinas.

A CPM decorre da elaboração das toxinas A e B durante multiplicação exagerada do C. difficile, devido a um desequilíbrio da microbiota intestinal normal.

Os principais fatores de risco são uso de múltiplos antibióticos, cirurgia gastrintestinal previa, alimentação com sonda enteral, exposição a companheiro de quarto portador, idosos e baixos títulos de anticorpos antitoxina.

 

Manifestações clínicas

Devemos suspeitar de colite pseudomembranosa em todo paciente que manifeste os sintomas característicos dentro de um período de 6 semanas após o uso de antibióticos. Existem sete formas clínicas possíveis de apresentação da colite associada ao Clostridium difficile.

          Portadores assintomáticos

Dois terços dos pacientes infectados permanecem assintomáticos, provavelmente devido a altos níveis protetores de IgG contra a toxina A.

 

            Diarreia sem colite

Presença de leve diarréia, associada a cólicas discretas. Febre, leucocitose e desidratação leves ou ausentes. As toxinas são encontradas nas fezes do paciente, mas a retossigmoidoscopia é normal.

A descontinuação do esquema de antibioticoterapia é suficiente para cessar o quadro.

É necessário diferenciar essa forma de infecção da diarréia osmótica antibiótico-induzida, decorrente da alteração da microbiota colônica.

            Colite sem pseudomembrana

Manifestações sistêmicas mais graves como astenia, cólicas aliviadas pelas evacuações, hiporexia, diarréia aquosa profusa e desidratação. Há febre baixa e leucocitose. A retossigmoidoscopia mostra eritema difuso ou em placas.

 

            Colite com pseudomembrana

 

Mesmas características clínicas descritas acima. A retossigmoidoscopia mostra a pseudomembrana. Em um subgrupo de pacientes, as pseudomembranas só podem ser visualizadas pela colonoscopia.

 

            Colite fulminante

Paciente apresenta febre, calafrios, desidratação, distensão abdominal com íleo prolongado e, eventualmente, megacolon tóxico e perfuração. Há intensa leucocitose e acidose metabólica. A diarréia pode estar ausente. A presença de pseudomembranas na retossigmoidoscopia, nesses casos, é patognomônico de colite pseudomembranosa.

 

            Colite pseudomembranosa com enteropatia perdedora de proteínas

Normalmente não há diarréia grave, mas apresenta diarréia intermitente por 1 a 4 semanas, febre baixa, dor abdominal e hiporexia. Essa manifestação é caracterizada por hipoalbuminemia, asciteedema periférico. É bem responsiva a antibioticoterapia correta.

 

            Infecção recorrente

Entre 15 a 20% dos portadores de colite pseudomembranosa recidivam após a interrupção do tratamento com antibiótico. Acredita-se que essa manifestação é devido a uma deficiência de resposta imune humoral.

 

 

Diagnóstico

O primeiro exame a ser solicitado após a suspeita clínica é a endoscopia digestiva baixa para confirmar a existência de colite. O achado de pseudomembranas não confirma o diagnóstico, pois, apesar de ser bastante sugestivo, esse sinal pode estar presente em outras formas de colite (como a colite isquêmica e colites bacterianas necrosantes).

O diagnostico deve ser confirmado pela demonstração da toxina do C. difficile nas fezes.

 

Tratamento

A conduta terapêutica inicial, se possível, é a suspensão do esquema antibioticoterápico, as diarréias leves sem sinais de colite extensa costumam ser autolimitadas e cedem espontaneamente após a retirada do medicamento. Pode-se utilizar a colestiramina, uma resina que se liga à toxina eliminando-a.

Em casos de colite clinicamente graves, deve-se iniciar antibioticoterapia contra o C. difficile, como a vancomicina e o metronidazol.

Em recidivas, no intuito de auxiliar o restabelecimento do equilíbrio da microbiota colônica, pode-se administrar compostos com lactobacilos vivos.

Nos casos em que há: sinais de peritonite, bacteremia refrataria a antibioticoterapia, febre e leucocitose progressivas com calafrios, evidencias tomográficas de inflamação pericolônica significativa com edema progressivo das alças colônicas, há indicação cirúrgica (colectomia subtotal com ileostomia e posterior anastomose ileorretal).

Fonte: Harrison Medicina Interna – 17ª ed