Tópicos

< Voltar

Otite média aguda
06/05/2013
Publicado por: Diego A. H. Ortega dos Santos

 

Trata-se de um processo inflamatório com duração de até 3 semanas que acomete o ouvido médio, isto é, estruturas tais quais tímpanos e ossículos. É a maior indicação de tratamento médico em crianças com menos de 5 anos, necessitando de intervenção de qualidade em função do grande desconforto que pode causar.

 


 

Patogenia

A etiologia mais comum inicia-se com infecção das vias aéreas superiores, especialmente a nasofaringe e viral. A obstrução das tubas de Eustáquio é o passo seguinte. Lá o próprio processo inflamatório e a estase são responsáveis pelas alterações pressóricas, geralmente negativas (dependendo da altitude em questão). Acredita-se que ações do vírus, conjuntamente com a estase e com processos tais quais refluxo, aspiração e insuflação forçada, podem propiciar a colonização das tubas por bactérias, agravando o processo.

A despeito dos muitos gastos em pesquisa para compreender maneiras de melhor abordar a otite média aguda, não há muitas certezas. As pesquisas atuais têm mantido o foco na formação das imunoglubulinas do paciente, tanto na região do ouvido médio quanto na nasofaringe.

Epidemiologia

A otite média aguda acomete pelo menos 70% das crianças americanas antes que elas completem 2 anos de vida. A idade média vai dos 3 aos 18 meses, sendo o casos mais precoces que isso aqueles considerados “propensos à otite”, um fator de risco citado mais abaixo.

A grande maioria dos casos de otite média aguda tem participação de bactérias: 50% das amostras de líquido removido de crianças continham bactérias, e uma outra quantidade continha ao menos fragmentos de DNA bacteriano. Dentre as principais responsáveis citamos S. pneumoniae (a mais prevalente), H. influenzae, Moraxella catarrhalis e Streptococcus pyogenes.

Os casos virais exclusivos costumam se relacionar com situações mais graves, como pneumonias, bronquite e complicações pulmonares, além de asma primária.

Os fatores de risco indistintos para viral ou bacteriana mais comuns são:

Manifestações clínicas

No neonato, como era de se esperar, os sintomas são bastante inespecíficos. Irritabilidade e problemas na amamentação são os mais comuns; a mão sendo levada ao ouvido pode ser um indício. Em crianças maiores percebe-se febre e otalgia no início, independente de nasofaringite prévia ou concomitante. Em jovens e em adultos a diminuição de acuidade auditiva é um dos sintomas chave, especialmente nos casos com efusão.

Diagnósticos diferenciais relevantes incluem abscesso dentário, otite externa (nos casos indolores e afebris), dor do crescimento dentário e a própria faringite.

Complicações da história natural da doença ou do tratamento impróprio incluem perfuração do tímpano (a qual é seguida por extravasamento do conteúdo aprisionado, com conseqüente melhora dos sintomas e facilidade de diagnóstico), paralisia do nervo facial, otite aguda necrótica, labirintite aguda, otite média crônica, meningite, encefalite, bacteremia, artrite séptica e endocardite bacteriana.

O diagnóstico é essencialmente clínico. Timpanocentese com análise do líquido é o único exame indicado a priori; exames de imagem como tomografia computadorizada só fazem sentido sob a possibilidade de complicações.

Tratamento

Não é mais admissível considerar a otite média como uma doença auto-limitada. Em vista do sofrimento do paciente e das potenciais complicações, aborda-se o paciente com terapia antibiótica antes de qualquer coisa. Analgésicos e antipiréticos são fundamentais, por sua vez, para lidar com os sintomas quase intoleráveis nessa faixa etária; o mesmo não parece ser verdade para anti-histamínicos e descongestionantes (exceto em concomitância de sintomas nasais).

O tratamento antibiótico dispensado por otorrinolaringologistas para lidar com otites chega a ser anedótico: falam em empirismo puro e na técnica do “aguarde e veja”. Até certa medida isso existe, mas também existem alguns critérios bem objetivos nas indicações e no manejo:

Fonte: Medscape, John D Donaldson, MD, FRCS(C), FAAP, FACS et al