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Transtorno de estresse pós-traumático
06/05/2013
Publicado por: Diego A. H. Ortega dos Santos

 

Estresse pós-traumático é definido como uma ansiedade ou uma manifestação psicopatológica fortemente associada a um evento traumático – situação danosa ao corpo e à vida de si ou de outrem – que envolve ou é testemunhado pelo paciente e que persiste por mais de um mês.


Etiologia

Desastres naturais, agressão física, combates, estupros, acidentes automotivos e diagnóstico de doenças fatais podem ser citados como os traumas mais relevantes. Experiências de caráter sexual inapropriadas em crianças (mesmo que sem violência) também são de grande importância.

Ocorrido o evento traumático, costuma-se desenvolver a situação clínica três meses depois, mas espaços bem maiores também são vistos. Na realidade, por vezes nunca são vistos: de 91 a 99% dos indivíduos que passaram por situações de trauma não chegam a desenvolver nenhuma psicopatologia.

Há, para tal, várias explicações. Alguns fatores de risco são bem claros quanto à propensão de se desenvolver TEPT: presença de doenças psiquiátricas prévias, como depressão; participação em determinados eventos traumáticos, como guerras (das quais até 30% dos veteranos retornam com a condição); sexo feminino e fatores neurogenéticos que predisponham ao funcionamento exacerbado da amígdala e de outros centros reativos ao medo.

Para citar a teoria psicanalítica, propõem-se que pessoas com ‘neurose-de-fato’ (actual neurosis) são as únicas que desenvolvem TEPT. Essa situação, pouco explorado por Freud e quase absolutamente esquecida por seus seguidores, consiste na inabilidade de lidar com as pulsões (seja por falta de ensinamento dos pais, por Freud, seja pela falha d’O Outro, por Lacan) que gera estruturas e pensamentos impossíveis de serem elaborados psiquicamente. Surgem daí, por exemplo, somatizações ou intervenções diretas na mente através do corpo, como o abuso de substâncias – situações que são comuns também em pacientes com TEPT. A situação traumática, então, seria a tal “impossibilidade de elaboração psíquica”.

Prognóstico

O tratamento iniciado precocemente tem impacto em pacientes do TEPT: há alívio ou eliminação dos sintomas em média com 36 meses, contra os 64 daqueles que não receberam conduta adequada. Ainda assim, cerca de um terço dos acometidos não apresenta melhora completa.

Diagnóstico

Deve ser efetuado de acordo com os critérios do DSM – IV. São eles divididos em 6 grupos.

  1. - Presenciar ou participar de um evento que envolva séria injúria, morte ou risco de.
  2. - Responder ao evento com sensação de falta de amparo, medo intenso, horror ou, no caso de crianças, agitação e comportamento desorganizado.
  1. - Persistência do evento na forma de alucinações, ilusões, pensamentos, imagens, sonhos, flashbacks dissossiativos ou estresse e reatividade diante de símbolos do evento.
  1. - Estreitamento dos afetos
  2. - Sensação de encurtamento do futuro, da vida
  3. - Incapacidade de recordar de fatos do evento
  4. - Falta de interesse em atividades importantes
  5. - Escusa de conversas, pensamentos e sentimentos relativos ao evento
  6. - Escusa de lugares, pessoas e situações relativas ao evento
  7. - Sentimento de distanciamento dos outros
  1. - Dificuldade de cair no sono ou de dormir
  2. - Menos concentração
  3. - Hipervigilância
  4. - Picos de raiva ou irritação
  5. - Sustos exagerados
  1. - De pelo menos mais de 1 mês
  1. - Se o distúrbio causa sofrimento ou dificuldade na execução de funções

 

Tratamento

Consiste, essencialmente, da psicoterapia precoce. O uso de fármacos está preconizado no mais das vezes em adultos, apenas para facilitar a exposição de sentimentos na psicoterapia e para permitir manejar os sintomas fisiológicos que obstruem o trabalho e as atividades diárias. Co-morbidades como depressão, abuso de substâncias e risco de suicídio necessitam de abordagem farmacológica diferenciada.

As abordagens psicoterápicas são: terapia de grupo, terapia individual, em família, psico-drama, arte-terapia, hipnose, e reprocessamento e dessenssibilização pelo movimento ocular (em inglês, EDMR) e terapia cognitivo-comportamental, sendo esses dois últimos aparentemente os mais eficazes.


Fonte: ACTUAL NEUROSIS AND PTSD, The Impact of the Other, Paul Verhaeghe, PhD, and Stijn Vanheule, PhD; Medscape