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Rastreamento do Câncer
30/11/2012
Publicado por: Bárbara Ximenes Braz

Rastreamento do Câncer

O rastreamento do câncer consiste na busca pela doença antes da apresentação de seus sintomas. Essa detecção precoce em pacientes assintomáticos, feita por meio de exames de rastreamento, auxilia na detecção do câncer quando este ainda se encontra em estágio inicial, o que pode vir a proporcionar uma maior facilidade na cura e sucesso no tratamento.  

Há diferentes tipos de exames de rastreamento, que incluem história e exame físico, testes laboratoriais, exames de imagem, exames genéticos, dentre outros. É importante lembrar que testes positivos não são diagnósticos, apenas identificam pacientes de alto risco, e que é necessário, após um resultado positivo,teste confirmatório com biópsia ou análise de amostra tecidual para confirmação do diagnóstico.

Vantagens:

  1. Diminuição da mortalidade,
  2. Prevenção de complicações.

Desvantagens:

  1. Complicações do exame a ser utilizado,
  2. Existência de resultados falso-positivos, que ocasionam ansiedade e freqüente necessidade de mais testes invasivos desnecessários,
  3. Existência de resultados falso-negativos, que podem vir a atrasar o diagnóstico e o tratamento efetivos.


Overdiagnosis

É cada vez mais comum e constitui-se do diagnóstico de uma condição que não se tornaria clinicamente significativa se não fosse detectada pelo rastreamento.

Há duas formas de diagnóstico desnecessário:

  1. detecções de lesões sem potencial maligno essencial
  2. detecções de lesões que se desenvolvem de maneira lenta o suficiente para o indivíduo vir a óbito primeiro devido a uma causa concorrente.


Detecção

A eficácia do rastreamento depende de, no mínimo, dois requisitos:

  1. o teste deve estar disponível para detecção do câncer anteriormente à detecção do mesmo por meio do desenvolvimento de sintomas,
  2. deve ser evidenciado que o tratamento foi iniciado mais precocemente devido aos resultados do rastreamento, apresentando um desfecho mais favorável.

Esses requisitos são necessários, mas não suficientes para demonstrar a eficácia de um procedimento de rastreamento, que também exige uma diminuição na mortalidade por causa específica.

O teste ideal para rastreamento de câncer deve ser:

  1. de baixo custo,
  2. não invasivo,
  3. sem complicações ou efeitos adversos,
  4. simples e
  5. disponível.

Somando-se a isso, temos sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade como características determinantes para a escolha de um teste.

O desempenho dos testes também é geralmente medido por valores preditivos positivos (VPP) e valores preditivos negativos (VPN), que são afetados pela prevalência da doença na população.


Disponibilidade de métodos de rastreamento na atualidade (em ordem decrescente):

  1. Métodos que utilizam observação visual direta ou assistida
  2. Procedimentos de palpação para detecção de nódulos, tumores, linfonodos aumentados e outros,
  3. Procedimentos invasivos, para neoplasias internas,
  4. Exames laboratoriais, para detecção de cânceres específicos.


Aumento em Sobrevida: Interpretação

As opções de tratamento e a sobrevida estão relacionadas com o estadiamento em quase todos os cânceres.

A classificação atual do estadiamento de tumores utiliza o sistema TNM, que caracteriza:

em grupos 0, I, II, III e IV, de acordo com a sobrevida.

Dados relacionados a aumento de sobrevida podem ser difíceis de interpretar. Esses dados podem refletir a eficiência da detecção precoce ou do tratamento. Por outro lado, podem resultar de diagnóstico desnecessário ou de viés de duração desde o diagnóstico, pois o tempo entre o rastreamento e a possibilidade de diagnóstico clínico é incluso no cálculo da sobrevida.

A eficácia da detecção precoce e do tratamento não deve ser baseada em alterações de 5 anos na sobrevida, mas sim nas taxas de mortalidade. A redução da incidência de tumores de estágios avançados representa uma maneira melhor de mensurar o progresso relativo ao rastreamentodo que o aumento de 5 anos na sobrevida.



Fonte: 

1.       http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/screening/overview/patient

2.       http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/

3.       Kramer BS: The science of early detection. Urol Oncol 22 (4): 344-7, 2004 Jul-Aug.

4.       http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/screening/overview/HealthProfessional/page1

5.       Sima CS, Panageas KS, Schrag D: Cancer screening among patients with advanced cancer. JAMA 304 (14): 1584-91, 2010.

6.       Welch HG, Schwartz LM, Woloshin S: Are increasing 5-year survival rates evidence of success against cancer? JAMA 283 (22): 2975-8, 2000.