Exames complementares na assistência Pré-natal
Texto por Nathália Krishna
A Assistência pré-natal constitui-se de condutas que visam uma gravidez sem grandes intercorrências como também o bem-estar da criança e da gestante no momento do parto
Objetivos
Quando começar o pré-natal?
A busca da assistência pré-natal deve ser feita tão logo da descoberta da gravidez. Geralmente faz-se a primeira consulta antes de 12 semanas gestacionais. O ideal seria fazer um acompanhamento pré-concepcional para o rastreio de doenças maternas prévias à gestação como também o seu manejo para que ,assim, possam ser diminuídos os riscos gestacionais.
Quantas consultas são necessárias?
Para nulíparas, o ideal seria seria 10 consultas. Já para as multíparas, sete. Porém , recomenda-se no mínimo seis consultas de pré-natal assim distribuídas:
O objetivo é o rastreamento de anemia. Devido ao aumento de líquidos na gestante, o valor normal de hemoglobina é igual ou superior a 11g/dL ( anemia fisiológica da gravidez). Gestantes na faixa normal fazem a rotina que é constituída por 60mg de ferro elementar + 5 mg de ácido fólico antes das refeições para repor as perdas. Gestantes que se encontram com hemoglobina entre 8g/dl e 11g/dl devem repor uma maior quantidade de ferro( 120-240mg), já que se trata de uma anemia leve. Também deve-se tratar possível parasitose.Trata-se de um pré-natal de alto risco, gestantes que apresentam hemoglobina menor que 8g/dl. neste caso, deve-se pesquisar outras causas para anemia, avaliar necessidade de transfusão e manter um tratamento específico para a causa diagnosticada. Após 60 dias, repete-se o hemograma e se:
Tipagem Sanguínea
Coombs Indireto
Glicemia de Jejum
O rastreamento da diabetes gestacional leva em consideração a história familiar, história de gestação prévia com diabetes e a glicemia de jejum. É importante lembrar que a glicosúria não faz parte do ratreamento da diabetes gestacional.DEve-se solicitar a glicemia de jejum durante a primeira consulta de pré-natal e se:
Gestante sem fatores de risco
Glicemia de jejum < 85mg/dl = Fazer teste de tolerância oral à glicose com 75g entre 24-28 semanas de gestação * Glicemia de jejum 86-125 mg/dl = fazer teste de tolerância oral à glicose com 75g imediatamente * Glicemia de jejum > ou igual a 126 mg/dl medida por duas vezes = diabetes
Gestante com fatores de risco
Glicemia de jejum < 126 g/dl = teste de tolerância oral à glicose com 75g imediatamente * Glicemia de jejum > ou igual a 126g/ dl medida por duas vezes = diabetes
São considerados fatores de risco para diabetes gestacional:
Curva glicêmica com 75g
Jejum = 95mg/dl * 1a hora = 180mg/dl * 2a hora = 155mg/dl
Sumário de urina
É um exame obrigatório durante a gestação e visa,principalmente, o rastreamento de proteinúria e bacteriúria. Se o exame revelar:
Traços de proteína
Se a paciente não apresentar sinais de Doença Hipertensiva Específica da Gravidez(DHEG) como hipertensão, proteinúria e edema, repete-se o exame em 15 dias
Positivo para proteínas
Se houver risco de DHEG, deve-se fazer o acompanhamento dessa gestante, recomendar repouso, monitorar os movimentos fetais, alertar para a paciente sobre os sinais clínicos da DHEG, realizar proteinúria de 24h e marcar o retorno dessa paciente em ,no máximo 7 dias.
Proteinúria francamente positiva
deve-se encaminhar a paciente para um serviço de referência
Em relação ao rastreamento de bacteriúria, podemos encontrar:
O ideal é a realização de urinocultura com antibiograma e o agendamento do retorno o mais precoce que o habitual para resulatdo do exame.É importante tratar a bacteriúria mesmo se a paciente estiver assintomática, pois a associação ao desenvolvimento de pielonefrite ocorre frequentemente, o que pode levar ao aumento do risco de trabalho de parto prematuro e à restrição do crescimento intra-uterino. DEfine-se bacteriúria assintomática como crescimento de 100.000 UFC/ml em cultura de urina proveniente de jato médio de pacientes asintomáticas. Caso a pesquisa de bactérias na urina seja negativa, repete-se o sumário de urina a cada trimestre.
Sorologias
VDRL
É solicitado na primeira consulta de pré-natal e é útil no diagnóstico e tratamento da sífilis, porém possui baixa especificidade e reações falso-positivas. Caso o exame seja:
Se não é posível a realização de FTA-ABS, sempre faz-se o tratamento para sífilis. também é importante, se possível, rastrear o parceiro.
HIV
O teste anti-HIV deve ser realizado com a permissão da paciente. O daignóstico sorológico é realizado com 2 exames Elisa positivos e 1 WEstern-Blot positivo. SE o resultado do exame for negativo, repete-se a sorologia a cada 3 meses se a paciente tiver risco de contaminação. Lembrar que o teste deve ser realizado a cada gestação da paciente. Já se o resultado for positivo, nem sempre significa que a gestante é portadora de AIDS doença clínica. Existem medicações para controle da infecção materna e para a redução da transmissão fetal.Deve-se adotar a seguinte conduta:
Toxoplasmose
A transmissão fetal relaciona-se diretamente com a idade gestacional em que ocorreu a infecção materna. Quanto mais avançada a gestação, maior a possibilidade de infecção neonatal.Porém, o risco de acometimento grave do feto é inversamente proporcional à idade gestacional. REcomenda-se a triagem por meio da detecção dos anticorposda clsse IgM para todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal. A presença do anticorpo IGM não deve ser usada isoladamente para confirmar uma infecção aguda, pois pode ser encontrado no corpo por um período maior que 1 ano. após cerca de 7 dias da infecção , pode-se encontrar IgA, o qual desaparece cerca de 4 meses após a infecção. Na disponibilidade de testagem de IgG, podemos encontrar os seguintes perfis sorológicos:
Perfis sorológicos da toxoplasmose
IgM |
IgG |
Tratamento |
Conclusão |
negativo |
positivo |
não |
Paciente imune/ Infecção crônica |
negativo |
negativo |
não |
Paciente susceptível |
positivo |
negativo |
sim |
Infecção agudo ou falso-positivo |
positivo |
positivo |
? |
infecção aguda ou crônica? |
positivo |
baixa avidez |
sim |
Infecção aguda |
positivo |
alta avidez |
não |
Infecção crônica |
São marcadores de infecção aguda:
Hepatite B
Não é rotina solicitar sorologia para hepatite B, porém, quando solicitada, realiza-se próximo à 30a semanade gestação, visando determinar a profilaxia neonatal
Citologia Oncótica
É obrigatória se a gestante não realizou o exame a mais de 1 ano ou se nunca o fez.