Fernando Klein Leitão
São várias as complicações que se associam a um quadro de síndrome nefrótica, algumas delas importantes limitadoras da sobrevida desses pacientes. Aqui serão descritas as duas mais importantes: (1) fenômenos tromboembólicos; (2) infecções.
A perda de antitrombina III pela urina é o principal fator determinante da hipercoagulabilidade na síndrome nefrótica, mas existem outros: redução dos níveis e/ou atividade das proteínas C e S, hiperfibrinogenemia, comprometimento da fibrinólise e ainda maior agregação plaquetária. Esse estado de hipercoagulabilidade frequentemente resulta em trombose venosa profunda (TVP), especialmente das veias renais. Devemos suspeitar de trombose de veia renal (TVR) quando houver as seguintes manifestações clínicas: (a) dor nos flancos ou na virilha, (b) varicocele do lado esquerda – lembrar que a veia testicular esquerda drena diretamente na veia renal; (c) hematúria macroscópica; (d) aumento significativo da proteinúria; (e) redução inexplicada do débito urinário e (f) edema renal, com assimetria do tamanho e/ou função dos rins (urografia). As veias dos membros inferiores e as veias pélvicas também são comumente afetadas. A anticoagulação plena está sempre indicada em pacientes nefróticos que tiveram alguma complicação tromboembólica documentada. Não há, até o momento, indicação de anticoagulação profilática. O anticoagulante oral cumarínico (warfarin) tem uma eficácia superior a da heparina, já que esta última precisa da antitrombina III (a qual tem seus níveis plasmáticos reduzidos na síndrome nefrótica) para exercer seu efeito. Contudo, nos casos de indicação imediata de anticoagulação (Trombose Venosa Renal, Tromboembolismo Pulmonar), só nos resta a opção da heparina, pois ela é o único anticoagulante com efeito imediato.
Os pacientes com síndrome nefrótica estão mais sujeitos a infecções pelos germes encapsulados, principalmente pela deficiência de imunoglobulinas do tipo IgG e componentes da via alternada do complemento, perdidos pelos glomérulos. O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a bactéria mais envolvida. Uma infecção bastante comum em pacientes nefróticos é a peritonite bacteriana espontânea, que acomete pacientes com ascite. O pneumococo é o agente mais comum, responsável por metade dos casos, seguidos pela Escherichia coli.
Fonte: Medcurso e anotações de caderno