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Câncer de Próstata
13/11/2012
Publicado por: administrador

Fernando Klein Leitão

 

 

Epidemiologia

O Câncer de Próstata (CaP) é hoje a neoplasia maligna mais comum no sexo masculino no Brasil e nos EUA, excluindo-se o câncer de pele. Em 2006 foram estimados 47.280 novos casos, o que corresponde a um valor aproximado de 51 novos casos para cada 100 mil homens. O Ceará tem uma estimativa de 45, 49 casos para cada 100 mil homens. Altas taxas de incidência são encontradas nos EUA, norte da Europa e Austrália, taxas intermediárias nas Américas Central e do Sul, África e Leste Europeu, e as menores taxas são encontradas na Ásia e países orientais.


 

Fatores de Risco

(1) Idade maior que 50 anos; (2) Presença de androgênios em elevadas concentrações, principalmente a diidrotestosterona (A testosterona não é indutora do câncer, entretanto, em homens já com a neoplasia ou com a predisposição, a testosterona estimula o seu crescimento); (3) Etnia; o CaP apresenta incidência 1,3 vezes maior em negros; (4) História familiar positiva (5) Fatores dietéticos; maior ingestão de carne vermelha gordurosa e carnes assadas ou menor ingestão de alimentos que contenham compostos protetores (antioxidantes), como o tomate e algumas leguminosas, como a vagem e a soja.

 

 

Patologia

Mais de 95% das neoplasias malignas da próstata são adenocarcinomas. Os demais casos compreendem os carcinomas de células escamosas e os sarcomas, sendo tais entidades bastante raras. Em mais de 70% dos casos o CaP é originado na zona periférica da glândula, o que o torna mais perceptível ao exame retal digital. A disseminação da doença pode ocorrer via linfática ou hematogênica, ou por invasão local. As metástases ósseas são as principais formas de disseminação hematogênica.


 

Quadro Clínico

A neoplasia é geralmente silenciosa em fase precoce, por sua localização periférica e posterior na glândula. A presença de sintomas (diminuição da força do jato, intermitência, hesitação, gotejamento pós-miccional, incontinência ou urgência) é indicativa de doença avançada. Disfunção erétil pode aparecer, porém é mais rara. Não é incomum a obstrução dos ductos ejaculadores, originando hematoespermia e diminuição do volume do sêmen. A doença metastática se apresenta mais comumente com dor lombar que não cede ao uso de analgésicos.


 

Rastreamento e Diagnóstico

O Instituto Nacional do Câncer e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam para rastreamento do Câncer de Próstata o exame retal digital (ERD ou toque retal) e a dosagem sérica do PSA, anualmente para todos os homens com mais de 50 anos. Pacientes de raça negra e/ou indivíduos com história familiar positiva devem iniciar aos 40 anos. Quando os valores de PSA dão acima de 10 ng/ml ou o ERD é positivo, a biópsia dirigida por ultra-sonografia transretal é indicada para confirmação diagnóstica. Quando se tem ERD negativo e PSA entre 3 ng/ml (valor que varia entre 2,5 à 4 ng/ml) e 10ng/ml, pede-se a razão entre o PSA livre e o PSA total. Se PSA livre / PSA total for menor que 12%, impõe-se biópsia, pois é sugestivo de malignidade (no CaP, a fração livre é baixa). A velocidade do PSA (tempo de progressão dos valores sérios dessa glicoproteína) é de grande valor diagnóstico e prognóstico. Um crescimento superior a 0,75 ng/ml/ano é, também, sugestivo de malignidade. A avaliação local da doença é feita pelo ERD, o estado dos linfonodos regionais pela linfadenectomia obturatória ao mesmo tempo da cirurgia e a presença de doença metastática pela cintilografia óssea.


 

Tratamento

A decisão terapêutica e o prognóstico dependem do estadiamento tumoral, e as condições clínicas do paciente também são importantes fatores. As principais propostas terapêuticas para o CaP atualmente são a conduta expectante (observação vigilante), a prostatectomia radical, a radioterapia, para doença localizada, e o bloqueio androgênico e a quimioterapia, para a doença metastática.


Fonte: Urologia para a graduação (Edições UFC)