Tópicos

< Voltar

Giardíase
13/11/2012
Publicado por: administrador

 

''Texto de Viviane Teixeira''


A giardíase é uma parasitose atualmente bastante comum em todo o mundo, com uma incidência aproximada de 500.000 casos por ano, e responsável por doença intestinal e diarréia endêmicas e epidêmicas. É causada pela ''Giardia duodenalis'', também conhecida por ''Giardia intestinalis'', ''G. lamblia'' e ''Lamblia intestinalis''.
 
 
Agente etiológico
 
É um protozoário flagelado, parasito intestinal mais freqüente do homem, podendo acometer também vários animais domésticos ou silvestres. Apresenta-se sob as formas de trofozoíta e cisto durante seu ciclo vital.
 
A forma trofozoítica mede de 10 a 20 µm de comprimento por 5 a 15 µm de largura, apresenta simetria bilateral e contorno piriforme, e o seu corpo mostra achatamento dorso-ventral. Na superfície ventral há uma área chamada de disco adesivo ou disco suctorial. Os flagelos, que possibilitam um deslocamento rápido e irregular, dispõem-se aos pares, de forma que: dois nascem dos blefaroplastos situados junto às extremidades anteriores dos axonemas, cruzando-se depois em X; dois nascem próximos dos primeiros e dirigem-se para trás; o terceiro par sai um pouco mais para trás e o último sai da extremidade posterior da giárdia. Não apresentam mitocôndrias, mas há estruturas correspondentes ao aparelho de Golgi: os corpos parabasais.
 
Os trofozoítas habitam o duodeno e as primeiras porções do jejuno, além dos condutos biliares e da vesícula biliar, em virtude da maior quantidade de fosfolipídeos, necessários para a estrutura da membrana celular do parasito, aí encontrada. Aderem à superfície da mucosa graças ao disco suctorial e podem chegar a formar revestimentos extensos, que interfiram na absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis, principalmente a vitamina A. A reprodução ocorre assexuadamente por divisão binária longitudinal.
 
Ciclo Evolutivo
 
Os parasitos na forma de cistos resistentes ao ambiente são ingeridos e eclodem no intestino delgado, sob estímulo do ácido gástrico e das proteases intestinais, liberando trofozoítas flagelados, os quais se multiplicarão por divisão binária, permanecendo livres na luz intestinal ou fixando-se ao epitélio mucoso. A Giardia permanece no intestino delgado proximal e não se dissemina por via hematogênica.
 
Quando exposto a condições alteradas, como alterações nas concentrações dos sais biliares e pH alcalino, o trofozoíto passa para a forma de cisto, que é a encontrada em geral nas fezes (em fezes aquosas ou amolecidas, pode-se encontrar a forma trofozoíta, mas o cisto é a única resistente às condições ambientais e com capacidade de infecção). Os cistos são eliminados nas fezes e infectam pessoas por meio de alimentos ou água contaminados ou por transmissão fecal-oral direta (creches, por exemplo), completando o ciclo. A eliminação de cistos não é constante e pode negativar-se temporariamente durante muitos dias.
 
Patologia
 
A giardíase é geralmente assintomática, mas casos graves podem ser observados em pessoas sem imunidade ou imunodeficientes. As formas sintomáticas, que cursam com diarréia aguda ou formas crônicas de diarréia e má-absorção intestinal, predominam entre os menores de cinco anos e declinam muito após a adolescência. Considera-se também maior suscetibilidade aos pacientes com hipogamaglobulinemia e deficiência de IgA.
 
A infecção pode ser controlada, segundo alguns autores, pela produção de anticorpos IgM, IgG e IgA específicos, a qual se encontra aumentada durante a fase de eliminação do parasito.
 
As principais lesões anatomopatológicas que podem ser encontradas são: atrofia das vilosidades e dos microvilos (com conseqüente redução da área de absorção da mucosa intestinal), infiltrado inflamatório e aumento da secreção de muco.
 
Acredita-se na existência de uma toxina produzida pelas giárdias, que seja responsável pela patogenia, mas também considera-se a possibilidade de os sintomas serem atribuídos a um prejuízo na absorção de gorduras pela mucosa intestinal, o que levaria a um aumento no teor de gordura que permanece na luz intestinal, levando a uma síndrome diarréica persistente.
 
Sintomatologia
 
O período de incubação vai de uma a três semanas, podendo estender-se até seis semanas. Os sintomas mais comumente encontrados são: evacuações líquidas ou pastosas (malcheirosas e, em geral, claras ou acinzentadas), número aumentado de evacuações, mal-estar, cólicas abdominais, fraqueza e perda de peso. Os sintomas menos freqüentes são: diminuição do apetite, náuseas e vômitos, flatulência, distensão abdominal, ligeira febre, cefaléia e nervosismo.
 
Diagnóstico
 
Pesquisa de cistos de Giardia em fezes formadas e de trofozoítas ou cistos em evacuações diarréicas. Os parasitos também podem ser vistos em conteúdo duodenal aspirado por meio de sonda.
 
Tratamento
 
Metronidazol: 15 a 20 mg/kg de peso corporal por dia sob forma de xarope, fracionados em 2 a 3 tomadas por dia. Duração do tratamento é igual a 5 dias.
 
Ornidazol: para crianças até 1 ano, um quarto de comprimido de 500 mg, 2 vezes por dia; de 1 a 6 anos, meio comprimido, 2 vezes por dia; de 7 a 12 anos, três quartos de comprimido, 2 vezes  ao dia. Duração do tratamento é igual a 5 dias.
 
Tinidazol: 50 a 60 mg/kg de peso corporal, por dia, da formulação pediátrica, durante 5 dias.
 
Nimorazol: 25 mg/kg de peso, por dia, durante 5 dias. Fracionar as tomadas diárias em 2 ou 3 vezes. 
 
 
Referências Bibliográficas:
 
REY - Bases da Parasitologia Médica - 2a edição
 
HARRISON - Medicina Interna - 16a edição