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Doença de Lesão Mínima (DLM)
01/03/2015
Publicado por: Ighor Magalhães de Carvalho

Doença de Lesão Mínima (DLM)

Autor: Ighor Magalhães de Carvalho


Introdução

A DLM é a causa mais comum de síndrome nefrótica em crianças. À microscopia eletrônica observa-se fusão e apagamento dos processos podocitários, alterando a estrutura normal das fendas de filtração.
 

Patogenia e Histopatologia

Acredita-se que a DLM é uma doença de linfócitos T, os quais secretam uma citocina que age sobre os podócitos, inibindo a síntese dos poliânions responsáveis pela barreira de carga. A perda da carga negativa da barreira glomerular origina um tipo seletivo de proteinúria.
No que se refere a histopatologia, a fusão podocitária observada à microscopia eletrônica é decorrente da perda de interação entre o podócito e as proteínas da MEC. Os achados à microscopia óptica são pobres.


Manifestações Clínicas e Laboratoriais
80-90% dos casos acometem crianças de 1 a 8 anos de idade, as quais geralmente abrem um quadro de síndrome nefrótica clássica, com todos os seus sinais e sintomas. A proteinúria intensa costuma iniciar-se após fatores desencadeantes, como episódios virais, picada de inseto, asma e eczema. Função renal preservada na maioria dos casos, a não ser que haja hipovolemia grave, com hipotensão e hipoperfusão renal. A instabilidade hemodinâmica pode ser precipitada por diarreia, sepse e diuréticos e é a complicação mais séria da DLM.
A DLM, bem como as outras etiologias de síndrome nefrótica, está relacionada a complicações tromboembólicas. A trombose de veia renal é rara. O linfoma de Hodgkin é a doença sistêmica mais relacionada à DLM.
No que se refere aos exames laboratoriais na DLM, a proteinúria costuma ser seletiva, complemento sérico normal, hematúria microscópica pode estar presente em 20% dos casos, hematúria macroscópica é rara. IgG está diminuído e EAS não revela sinais de glomerulite.

 

Curso clínico e Tratamento
Caracteristicamente,a doença se apresenta com períodos de remissão e atividade e responde bem a corticoterapia. As crianças apresentam evolução boa e remissão espontânea na maioria dos casos. Assim, crianças de 1-8 anos com quadro clínico de síndrome nefrótica clássica são diagnosticadas e recebem corticoterapia para tratar DLM. A biópsia renal está indicada somente nos casos que não respondem a corticoide, crianças menores de 1 ano ou maiores de 8 anos, com recidivas muito frequentes(>4/ano) ou presença de características atípicas, como hematúria macroscópica, hipocomplementenemia, HAS e IR progressiva.

 

Referência:

RIELLA, M.C. Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010